Apaixonado por
História Antiga
e Medieval, o
confrade e
jornalista pernambucano fala sobre suas pesquisas
acerca de Jesus e seus ensinamentos
jornalista pernambucano fala sobre suas pesquisas
acerca de Jesus e seus ensinamentos
Liszt Rangel de
Miranda Coelho:
Liszt Rangel de
Miranda Coelho (foto),
jornalista e
estudante de
Psicologia,
nasceu e reside
em Recife-PE, e
vem se
especializando
na pesquisa de
civilizações
antigas.
Palestrante
espírita há 18
anos, 7 livros
publicados –
dois deles
mediúnicos e
esgotados –,
colaborou
ativamente na
fundação e
manutenção de
alguns centros
espíritas de
Olinda e Recife,
entre eles o
Grupo Espírita
Júlio César e a
Liga Espírita de
Pernambuco. É
atual dirigente
da nascente
Sociedade de
Estudos
Espíritas do
Recife.
De onde o gosto
pelas
civilizações
antigas? E o que, em sua
opinião,
|
|
mais lhe
acrescentou, em
suas atividades
profissionais e
doutrinárias,
esse gosto pela
pesquisa do
tema?
|
Sempre fui
apaixonado por
História Antiga
e Medieval. A
minha formação
em jornalismo me
possibilitou
transitar com
questionamentos
livres estas
áreas do
conhecimento.
Quando me
recordo dos
livros do Sr.
Ernesto Bozzano
acerca dos povos
primitivos e do
extraordinário
Hermínio de
Miranda sobre o
Cristianismo
Primitivo, que
comecei a ler
quando ainda era
um adolescente,
não tenho como
negar-lhes esta
influência. Ao
mesmo tempo, sou
uma alma
inquieta e
questionadora.
Quando, então,
ligamos o ontem
ao hoje, podemos
até nos
compreender
melhor.
Como situar a
pesquisa pela
cultura e
civilizações
antigas, com o
pensamento de
Jesus e com o
próprio advento
da Doutrina
Espírita?
Quando falamos
de nossas
pesquisas,
podemos fazer
conexões mais
acertadas entre
a História
Antiga e a
sociedade em que
viveu Jesus, (ou
como gosto de
chamá-lo em seu
nome original,
Yehoshú'a)
dominada por
Roma. Jesus
apesar de
galileu foi
influenciado
pelo judaísmo e
era praticante
desta religião.
O pensamento
judaico por sua
vez foi
estruturado na
mitologia e nas
leis egípcias.
Quando vou para
a Medieval
abre-se um leque
de informações
na estrutura não
só do
Cristianismo,
mas também no
nascimento do
Protestantismo,
e dos fatos que
colaboraram para
o surgimento da
Ciência
Positivista, da
Revolução
Francesa, do
Imperialismo
Napoleônico,
fatos estes que
antecederam à
Doutrina
Espírita.
E por que a
ligação entre a
psicologia, a
psiquiatria e as
civilizações
antigas?
É possível com
estas ciências
passarmos a
entender melhor
o comportamento
de certos
líderes como
Júlio César,
Augusto, o
perturbado
Tibério, que por
sinal foi o
responsável por
introduzir
Calígula nas
perversões
sexuais sendo
seu tutor, a
inteligência
político-administrativa
e a sociopatia
de Nero que
soube aproveitar
a propaganda
contra os
cristãos, que
era antiga, para
culpá-los pelo
incêndio em
Roma. E quando
partimos para
entender o
discurso de
Jesus, vemos um
indivíduo
altamente
conectado com
todos estes
processos
culturais que
não só o seu
povo sofreu, mas
os gauleses, os
bretões, os
bárbaros, e
quando estudo o
Império romano
sou levado a
compreender o
movimento dos
cristãos. No
entanto, faço um
alerta: não é
possível
entender Jesus
pela psicologia,
sem antes
descobrirmos o
Jesus Histórico.
Como essa
ligação influi
no progresso do
pensamento e do
movimento
espírita?
Os Espíritos
asseveraram em O
Livro dos
Espíritos "que o
Espiritismo
tomaria lugar
nos
conhecimentos
humanos". Não
disseram que
tomaria o lugar
de..., mas que
também teria seu
espaço (cuidado
com a
fanatização). O
Homem que não
conhece seu
passado, não
sabe o valor de
seu presente e
não pode vivê-lo
em profundidade,
bem como jamais
compreenderá que
também estamos
fazendo a
História. Como
nos frisou bem o
Sr. Kardec: "No
dia em que a
ciência mostrar
que o
Espiritismo está
errado em um
ponto, deixe a
Doutrina neste
ponto e siga com
a ciência". O
Espiritismo é
progressista e
não há como
isolá-lo como
uma seita por
causa de nosso
limite de
compreensão.
Como tem sentido
o movimento
espírita em
relação a tais
abordagens?
Nós, que temos o
Espiritismo como
filosofia de
vida,
compreendemos
que todo bom e
sincero
espírita, mesmo
carregado de
imperfeições, é
um filósofo,
quando não, o
Espiritismo o
torna ao menos
um questionador.
Estes espíritas
compreendem
muito bem o
objetivo de
nossas
pesquisas,
porém, como
ainda temos os
paradigmas
intelectivos
engessados pelas
crenças
católicas,
outros acham que
redescobrir
Jesus é inútil,
mas eu os
compreendo: eles
estão com medo,
como também já
tive um dia, de
descobrir que o
que acreditamos
pode estar
errado e mais:
que alguns
Espíritos podem
ter colocado, em
suas
informações,
opiniões
pessoais e por
isto estas
colocações estão
ultrapassadas
pela Arqueologia
e pela
História.
E as pesquisas
sobre Jesus,
historicamente
considerado?
Jesus é um
grande
desconhecido e
sua mensagem
ainda nos é
ignorada.
Recentemente,
alguns exegetas
ao lado de
historiadores e
críticos
textuais
revelaram, após
12 anos de
pesquisas, que
de tudo o que há
nos Evangelhos
como mensagem
atribuída a
Jesus e fatos
que o
envolveram,
menos de 10% é
realmente do
homem de Nazaré.
Então, como
seguir um homem
que
desconhecemos e
uma mensagem que
em sua maior
parte nunca foi
dele? Não
estaria aí
também uma das
causas para a
dificuldade de
vivenciarmos
esta mensagem?
Dessas pesquisas
todas, a que
conclusão você
chega no estágio
atual em que se
encontram?
Jesus, hoje em
dia, não está
mais nos
círculos
religiosos.
Aliás, acredito
que ele nunca
esteve. O homem
de Nazaré está
sendo estudado
em grandes
Universidades e,
aos que ainda
hoje acreditam
que ele não
passou de uma
lenda, tenho que
dar-lhes esta
notícia: "Ele
existiu! Não foi
o que disseram
dele; às vezes
foi menos,
outras foi
mais". Quando
falei no Cairo,
Egito, para 62
jovens
estudantes
acerca do Jesus
Histórico, um
deles me disse:
"Nós sempre
admiramos Jesus,
mas nunca
entendemos como
ele foi usado
para guerra.
Este Jesus
histórico que
conhecemos hoje
não está na
Bíblia dos
cristãos".
Suas palestras,
repletas de
conhecimento e
intensa
motivação ao
ouvinte, geram
intenso interesse
do público. Como
tem sentido as
principais
necessidades e
reações do ser
humano diante
dos desafios de
crescimento
intelecto-moral?
Olhar para si
mesmo, primeiro.
Depois
desconstruir
muitas crenças
centrais que nos
prendem à culpa
que por várias
vezes nem
tínhamos, mas
deixamos que o
outro ou que a
religião nos
desse. Ainda
percebo uma
grande procura
por necessidade
de paz íntima,
mas a estamos
procurando na
autoajuda
superficial,
quando não na
ideia fixa da
obsessão ou nas
ilusões de uma
paz estática,
sem dor a
enfrentar, sem
dívidas a pagar
e com direito a
todo gozo pleno.
Plenitude é uma
ilusão também!
Viver é um
risco. Dar certo
ou dar errado,
além de viver, é
ter experiência
e isto tem
valor, nos faz
diferentes!
E a experiência
com o MIEP?
Foi uma ótima
experiência.
Aprendi muito no
contato
intelectivo ou
simplesmente
afetivo com
outros
companheiros.
Aliás, tenho
sentido falta de
afeto no
movimento, sinto
sede de uma
fraternidade, a
mesma sonhada
por Kardec, que,
segundo ele, nos
definiria como
membros de uma
família
espírita.
Sentimos
fraternidade e
atenção no MIEP.
(1)
Algo mais que
gostaria de
acrescentar?
Sim, eu gostaria
de dizer que é
gratificante
participar de
uma edição de
O Consolador.
Desejo
esclarecer que,
quando
procuramos por
Jesus, também
tivemos medo do
que iríamos
descobrir, mas a
busca foi mais
forte. Este
homem vale a
pena o esforço
por procurá-lo.
Estou concluindo
que para
reencontrá-lo
precisamos ser
menos cristãos e
mais adeptos do
seu pensamento
livre.
(1) MIEP - Movimento de Integração Espírita Paraibano.
Fonte: o texto etá em inteiro teor transcrito de O Consolador uma Revista Semanal de Divulgação da Doutrina Esírita.
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