O confrade
paulista fala
sobre suas
pesquisas no
campo dos
fenômenos de
materialização e
diz que as Casas
Espíritas não
estão
aparelhadas para
esse tipo de
mediunidade
Ivan Franzolim (foto),
espírita de
berço, nasceu e
reside em São
Paulo-SP.
Formado em
Administração,
com
pós-graduação em
Comunicação
Social pela
Cásper Líbero e
em Marketing de
Serviços pela
Fundação Getúlio
Vargas, é
palestrante e
escritor com
vários livros
publicados.
Conselheiro na ADE-SP – Associação
|
|
dos Divulgadores
do Espiritismo
de São Paulo, Franzolim fala
nesta entrevista
sobre os
chamados
fenômenos de
efeitos físicos,
uma área da
fenomenologia
espírita para a
qual, segundo
ele, o movimento
espírita não se
encontra
adequadamente
preparado.
|
De onde vem seu interesse pelos fenômenos de materializações?
Provavelmente quando participei pela primeira vez de uma reunião de efeitos físicos no Centro Espírita Padre Zabeu, da Vila Guilherme, em 1980, e li sobre o médium Carmine Mirabelli (1899-1951), que viveu no bairro do Tucuruvi. Reparei que os fenômenos eram apresentados apenas como atração. Todos queriam ver um Espírito materializado, a levitação e o transporte de objetos. Ninguém demonstrava o mínimo interesse em saber por que e como ocorria, o que era ectoplasma etc.
Qual o foco principal de suas pesquisas?
Iniciei-as com muita empolgação buscando validar o conhecimento espírita sobre essa mediunidade, identificar lacunas e propor alternativas. Logo percebi que meus objetivos estavam muito acima das possibilidades, pois, para isso, precisaria ter um grupo que aceitasse a realização de reuniões apenas para estudo, o que não consegui.
Que metodologia e critérios tem aplicado?
Pesquisa de campo. Localizar Centros, visitar, participar das reuniões, examinar atas, entrevistar médiuns e dirigentes. Buscar fatos e padrões.
Quais os principais resultados já catalogados?
Levantei dados de seis instituições todas de São Paulo-SP. Identifiquei as entidades que participavam, os tipos de fenômenos que ocorreram, a forma de condução das reuniões e as características do transe mediúnico. Examinei material bastante extenso, mais de mil atas de reunião, além das minhas anotações das reuniões de que participei. Descobri que o foco no fenômeno com o fundo exageradamente religioso (à moda antiga) deturpava os dados e as próprias impressões das pessoas. As 6 instituições abaixo listadas realizaram mais de 4.500 reuniões no período por mim pesquisado. Alguns médiuns totalizaram entre um mil a quatro mil horas em transe mediúnico. O quadro abaixo detalha esses dados:
|
Qual foi a reação de instituições e dos médiuns frente às pesquisas?
Os médiuns e dirigentes relutaram em me atender. Demonstravam grande desconfiança e não respondiam a todas as questões. Mostravam preocupação em procurar comprovar que não havia fraude. As pessoas próximas, de tanto ver fenômenos incomuns, passaram a atribuir qualquer incidente à ação dos Espíritos, até mesmo uma chuva forte ou o vento. As federações não contribuíram com nenhuma informação sobre casas que mantêm esse tipo de reunião. Limitaram-se a dizer que o Espiritismo hoje não se dedica a essa mediunidade, mas ao estudo e à caridade.
O que mais lhe chamou a atenção?
Essa mediunidade não pode ter surgido por acaso. Deve fazer parte do planejamento encarnatório tanto do médium quanto da comunidade. Se um médium bater à porta de um Centro dizendo ter mediunidade de efeitos físicos, provavelmente os dirigentes da Casa não saberão como utilizar essa mediunidade e, o que é pior, poderão usá-la de forma errada, voltada apenas para demonstrar o fenômeno, como, aliás, foi o que ocorreu com a maioria dos Centros visitados. Se a mediunidade existe, ela não surgiu por acaso. Médium e Centro devem saber empregá-la de forma útil, fomentando o estudo e o tratamento à saúde.
Os Espíritos que se materializam, que direção têm dado à oportunidade do evento?
Os Espíritos se mostravam com um religiosismo acentuado, por vezes muito próximos do catolicismo. Sem estudo e seriedade doutrinária, os Espíritos se prestavam até para realizarem casamentos e batizados! Os dirigentes entrevistados demonstravam grande satisfação em dizer que determinado padre ou até um papa casou sua filha ou batizou sua neta!?... Esses Espíritos agiam dessa forma apenas nas casas que se compraziam com esse comportamento.
Com o espaçar gradativo dos fenômenos físicos produzidos pelos Espíritos, a pesquisa sofreu alterações ao longo do tempo?
Sim, até hoje ando à procura de casas e médiuns, para complementar os estudos e dados levantados. Os Centros não desenvolveram outros médiuns para a continuidade dos trabalhos.
Conte-nos algum fato interessante que tenha presenciado.
Os efeitos físicos ocorrem na escuridão e os Espíritos se servem de uma luz vermelha que acendem vez por outra. Apesar de partir de uma desconfiança sadia, alguns fenômenos foram expressivos. Vi materialização luminosa em que o ectoplasma irradia leve luz tipo fluorescente, vi dois Espíritos se materializarem simultaneamente com apenas um médium em transe, vi um violão transpassar a grade da cela do médium, vi cravos e rosas caírem ao mesmo tempo no colo dos homens e mulheres.
Algo mais que gostaria de acrescentar?
As federativas devem intensificar a orientação sobre como os Centros devem aproveitar corretamente as faculdades mediúnicas que surgem. É o caso também da mediunidade de psicografia, que muitas vezes não é utilizada, outras vezes é subutilizada e algumas vezes empregada para produzir livros sem conteúdo que os justifique. Caso o leitor conheça alguma casa que realizou ou realiza trabalhos dessa ordem peço repassar essa informação para a continuidade dessa pesquisa, diretamente para meu e-mail: franzolim@gmail.com
Fonte: o Consolador em inteiro teor
Nenhum comentário:
Postar um comentário