Bem, de tudo que
se discutiu até
hoje sobre o
assunto, a
história da
humanidade nos
mostrou que a
repressão pura,
a negação, não é
o caminho ideal.
Essa postura
leva a situações
ligadas a
mentiras, a
problemas
psicológicos e
ainda, em alguns
casos, ao crime
e à perversão.
Tudo deriva da
maneira com que
enxergamos as
energias
sexuais. Essas
são energias
criativas,
ligadas à
afetividade e
não coisas sujas
ou temidas. Como
toda energia,
causa medo e
demanda
educação,
respeito ao
próximo e a si
mesmo.
Na fase juvenil,
além da questão
hormonal e da
maior liberdade
e autonomia,
somos
bombardeados por
impulsos
externos dos
meios de
comunicação e
dos grupos de
amigos, que
exercem grande
influência, em
especial na
questão da
conduta afetiva.
Nesse caldo de
forças, o jovem
deve buscar no
diálogo com
pessoas que ele
considere
maduras, e na
leitura de obras
sérias,
construir a sua
opinião sobre
essas questões,
sabendo dosar
teoria e
prática. Nesse
ponto, a
atividade da
juventude
espírita é
fundamental.
Lembro-me dos
meus tempos de
mocidade, em que
esse tema era
recorrente e de
forma palpitante
chamava a
atenção dos
jovens.
Por que o sexo
sem compromisso
tem tanto
destaque,
principalmente
nas épocas
festivas como o
carnaval?
O sexo é ligado
à ideia de
prazer, algo
muito valorizado
atualmente, e
funciona como
apelativo para
se vender
programas,
produtos,
eventos. Não é
só uma questão
do carnaval, mas
a sexualidade
está na questão
maior do turismo
sexual, da
prostituição
infantil, dos
produtos para
crianças focados
nos adultos, na
visão do ser
humano como
objeto etc. Além
disso, vivemos
uma época de
valorização da
liberdade, do
direito de
escolher o que
fazer e o que
consumir, em que
as aventuras
sexuais
despertam o
sonho de jovens
e adultos, em
ideias de
quantidade ao
invés de
qualidade e,
ainda, de
qualidade ligada
estritamente a
formas e fama.
Nesse contexto
de catalisador
de consumo,
vendido como uma
corrida
frenética de
adquirir
“alvos”,
crescemos e
vivemos, homens
e mulheres, às
vezes sem
perceber esse
processo, a sua
transitoriedade
e tudo de bom
que o sexo
realmente pode
trazer a nossas
vidas. Como
disse
anteriormente, a
questão do
conservadorismo
extremo e da
liberdade sem
noção, ambas as
posturas vêm da
nossa visão das
forças sexuais e
de fugas da
nossa
dificuldade de
construir
relações com
sentimento e
maduras, o que
creio ser o
maior desafio
posto nos dias
atuais.
Quando seria o
momento correto
para o jovem ter
relações
sexuais? Deveria
ser apenas após
o casamento?
Essa é aquela
pergunta em que,
se o
entrevistado
responder: antes
do casamento, o
jovem a guardará
em casa em uma
moldura, dizendo
à mãe: “Ó,
fulano, que é
espírita, me deu
aval! Uh uh!”.
E se disser: só
depois, a menina
que engravidar
na juventude
será queimada na
fogueira sob a
leitura da
entrevista.
Penso que o
momento do
início da vida
sexual é uma
questão íntima.
Mais importante
do que o quando,
é o “com quem” e
o porquê. Penso
também que se
deve refletir se
quer iniciar a
vida sexual para
dizer aos amigos
e não ser mais
vítima de
anedotas, ou,
ainda, para
segurar o
namorado, ou se
é fruto do
amadurecimento
de uma relação.
Por fim, uma das
consequências da
vida sexual
ativa é a
possibilidade da
gravidez, o que
envolve questões
financeiras e
profissionais
dos pais em
relação ao novo
Espírito. Não
pensar nisso é
irresponsabilidade
“in natura”.
Acho que aí cada
jovem já tem
seus elementos
para pensar e
começar a
decidir coisas
na vida, em um
natural processo
de crescimento,
em que podemos
ajudá-los e não
substituí-los.
Há “privacidade”
na realização do
ato sexual, em
relação à
presença de
Espíritos
desencarnados?
Bem, também nos
perguntamos se
existem
Espíritos quando
vamos ao
sanitário,
quando fazemos
provas
escolares,
quando cortamos
a unha. Penso
que os Espíritos
mais
amadurecidos se
ligam a questões
de maior
relevância e, no
caso do ato
sexual, creio
que essa se dá
em relação a
questões da
reencarnação de
novos Espíritos.
Obviamente, que
se existe um
Espírito com uma
ligação de ódio
muito grande
entre os
amantes, ele
pode estar ali
perto,
esbravejar e até
interferir. Mas,
em minha
opinião, isso
não se prende ao
ato ser sexual e
sim às pessoas
envolvidas.
Lembremos: tudo
reside na nossa
visão das forças
sexuais!
O que você tem a
dizer com a
relação à
gravidez
precoce, quando
ela compromete a
concretização
dos planos de
vida de ambos os
envolvidos?
Mesmo nesses
casos, a
gravidez é
sempre uma
dádiva?
Quem disse que a
gravidez
compromete a
concretização
dos planos de
vida de ambos os
envolvidos? Vai
tornar mais
difícil, mas
comprometer?
Não, a vida é
repleta de
desafios e a
gravidez precoce
(ou não
planejada) é um
deles, que nos
traz grandes
alegrias, na
dádiva que é ter
um filho(a).
Logicamente,
força um
amadurecimento
dos envolvidos,
mas até hoje não
soube de ninguém
que desencarnou
dessa causa.
Aqueles que se
veem diante de
uma gravidez
precoce e a
enfrentam com
maturidade e,
dependendo da
idade, contando
com seguro apoio
da família, são
heróis e dignos
de aplauso e não
de reprimenda.
Vivemos
situações
curiosas no
mundo: a mãe
solteira ou o
jovem casal da
gravidez precoce
são massacrados
pela comunidade
e o casal que
aborta
silenciosamente
vive no paraíso
da inconsciência
entre as
pessoas. Devemos
enxergar essa
questão para
mais além,
percebendo a
maturidade dos
desafios. Como
dito,
sexualidade e
responsabilidade
andam de mãos
dadas,
literalmente...
Por que o ato
sexual foi, e
ainda é, por
várias pessoas,
entendido como
sinônimo de
pecado e
promiscuidade?
Porque
arrastamos dos
anos de
dominação
católica no país
uma visão muito
estreita dessa
questão e,
apesar do dito
pelos Espíritos
em obras como
“Vida e Sexo”
(Emmanuel/Chico
Xavier) ou em
textos de
autores
encarnados como
Jorge Andréa
(Forças sexuais
da alma), não
mudamos a nossa
forma de ver a
vida e
continuamos a
enxergar a
sexualidade como
algo negativo,
quase um mal
necessário. Com
a AIDS ainda
profusa na
África, vemos
ainda a Igreja
proibir o uso do
preservativo.
Desse reino do
proibido, surge
essa gama de
hipocrisias que
o Espiritismo se
dispôs a
combater.
Acrescentando:
na casa espírita
ainda vemos a
jovem expulsa de
nossas fileiras
pela gravidez
precoce, a
mulher reprovada
por ter se
separado e
iniciado nova
relação e,
ainda, negamos o
tema nas nossas
discussões na
doce ilusão de
que, se não
falarmos nada,
nada acontecerá,
é só ficar
quietinhos...
Essa mentalidade
do mundo
bonitinho e dos
problemas
varridos para
debaixo do
tapete, a
história nos
provou que é
inócua.
A questão do
sexo e suas
discussões
correlatas deve
ser objeto de
reflexão, de
estudo, de
diálogo e,
ainda, de
fortalecimento
de corações e
mentes, pois a
juventude
espírita deve
preparar aquele
Espírito para os
desafios do
mundo, e isso
inclui o campo
afetivo! Às
vezes discutimos
temas de menor
relevância no
currículo da
juventude
espírita e
passamos
ausentes dessa
temática, nos
dez anos que o
jovem passa pela
escola de
evangelização,
seja pelo medo,
seja pela falta
de pessoas
interessadas.
Para concluir,
gostaria de
indicar três
artigos que
tratam de alguma
forma dos temas
aqui expostos e
que publiquei na
revista
eletrônica “O
Consolador”, e
são eles:
Fonte: Retirado em inteiro teor de o Consolador uma Revista Semanal de Divulgação Espírita
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