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Meu Canto para Francisco
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Wellen de Barros
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Gostaria de compartilhar com você, amigo leitor, a
oportunidade de reflexão que a minha profissão de Cantora Lírica
proporcionou nesse evento da Igreja Católica chamado - Jornada Mundial
da Juventude - Julho de 2013.
A princípio soou-me como um fato curioso, afinal, é o novo pontífice da Igreja Católica em sua primeira viagem internacional como chefe de Estado. Em que “contexto protocolar” estaríamos inseridos? Providencialmente pude acompanhar, pela primeira vez na minha vida, todas etapas do conclave através dos meios de comunicação e, para minha satisfação, acompanhei desde os primeiro momentos em que o mundo pode ver a famosa fumaça branca. O argentino Jorge Bergoglio era o novo Papa. Papa Francisco, de formação da Companhia de Jesus, adotou para o seu pontificado o nome Francisco, inspirado em São Francisco de Assis. Não diferente do jovem revolucionário Francisco de Assis, Jorge Bergoglio tem uma grande Missão. Em pleno século XXI, em meio a tantos conflitos dentro da própria Igreja e no mundo, Jorge Bergoglio traz uma característica peculiar – agregar. Talvez seja esse seu principal carisma. Não foi em vão seu primeiro gesto, já como novo pontífice de Roma, ao pedir as bênçãos de todos os presentes ali na praça de São Pedro. Jorge Bergoglio sabe o que terá de enfrentar dentro e fora da Igreja, porém, seguindo verdadeiramente os ensinamentos de Jesus Cristo, não teme. A começar, por romper com uma fé protocolar e, simplesmente através de atos e atitudes, usar de sua autenticidade cristã. Sua primeira visita internacional: Nos ensaios foi-nos informado que cantaríamos num evento da Jornada Mundial da Juventude em que o Papa Francisco se encontraria com líderes da sociedade em nosso local de trabalho – Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A princípio, uma sensação de surpresa somada a uma inquietação, pois era a primeira vez que um Papa pisaria no palco do Theatro Municipal na presença de cantores e músicos instrumentistas em plena atividade. Mas, uma vez providencialmente, pensei ser um momento de muita reflexão, pois trabalho com arte e o veículo condutor do trabalho do artista é a emoção. Emoção essa que é alimentada pela sensibilidade desenvolvida ao longo de uma vida de estudo e dedicação. De modo muito pessoal concordo com as sábias palavras de Yung, quando ele diz que o artista não tem livre abítrio, pois a arte é quem o escolhe. Daí, minha reflexão em um momento bastante crítico que os artistas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro enfrentam e que vem se estendendo desde a última mudança governamental ocorrida nos idos de 2007. O Encontro: Nesse encontro, Jorge Bergoglio foi enfático ao dizer que via a memória e a esperança naqueles líderes que lá estavam: a memória do caminho e da consciência da sua Pátria e a esperança que esta Pátria, sempre aberta à luz do Evangelho, possa continuar a desenvolver-se no pleno respeito dos princípios éticos fundados na dignidade transcendente da pessoa. Memória e Esperança: É papa Francisco que fala, para minha realidade profissional, o artista brasileiro, clama de diversas formas para que o povo brasileiro não perca essas duas colunas essenciais para a sua formação como cidadão. A arte é uma grande aliada, nesse aspecto, pois um povo sem memória é facilmente manipulado, por interesses ditatoriais maquiados pela ilusão do crescimento econômico. Quando Jorge Bergoglio menciona que a memória do passado e a utopia na perspectiva do futuro se encontram no presente, é uma forma de nos convocar à responsabilidade da nossa profissão como formadores de opinião. Suas palavras foram dirigidas a todos que ali estavam -“quem tem um papel de responsabilidade em uma nação está chamado a enfrentar o futuro “ com olhar tranquilo de quem sabe ver a verdade”(Alceu Amoroso Lima). Jorge Bergoglio falou também em originalidade de uma tradição cultural. De fato, é fundamental não perder de vista o que há de mais significativo num povo, numa raça. Ousaria dizer o seu aspecto humano na totalidade. É preciso fazer o hoje em bases sólidas para enfrentarmos o futuro. Que futuro? Nesse momento me reporto para o drama encenado nesse mesmo palco em que se encontra o papa Francisco. Ópera do maestro italiano Giuseppe Verdi – Nabuccodonosor. Ópera em quatro atos, cada qual contendo um subtítulo e uma breve citação do livro de Jeremias. Ali, dramas vividos pelo domínio do poder, ora religioso, ora aristocrata, não diferem muito da realidade em que o papa Francisco se encontra atualmente no seu apostolado. O Papa Francisco faz um comentário sábio ao enfatizar que aquele que a vida “escolheu” como guia, deve ter objetivos concretos e buscar os meios específicos para alcançá-los, mas há o perigo da desilusão, da amargura, da indiferença, quando as expectativas não se cumprem. Devemos recorrer à dinâmica da esperança que nos impulsiona a ir sempre além. O caminho que se deve percorrer na arte chega muito perto das palavras do Papa Francisco, pois a arte é solidária. Não se faz arte se não houver diálogo e o diálogo promove o encontro. De fato foi um encontro poder cantar para Jorge Bergoglio e ver de perto a simplicidade integral de um ser humano que despertou o melhor de mim no meu canto para Francisco. |
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Wellen Barros
é integrante dos corpos artísticos do Theatro Municipal do Rio de
Janeiro, na qualidade de soprano lírico spinto. Como pesquisadora
desenvolve um projeto de estudo e pesquisa sobre a arte do ballet e do
canto junto a Cia. Teatral Recontando Conto. Possui artigos publicados
na internet sobre, ópera, ballet e música sinfônica. Participou
recentemente como articulista convidada, do espetáculo - "Uma em
Quatro" do coreógrafo João Wlamir. Administra o BLOG da primeira
bailarina do Theatro Municipal - Cecília Kerche: Kercheballet - http://kercheballet.blogspot.com
E-mail: wellenbarros@terra.com.br
Publicado no Portal da Família em 27/08/2013 |
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
MEU CANTO PARA FRANCISCO
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