O Presépio na foto é uma tradição da minha mãe Antonia Cantanhêde, já está com 88 anos pagou uma pessoa para montar e na noite de 25 para 26 convidou as rezadeiras da Comunidade do Povoado Centro Grande e disse: vamos logo queimar as palhinhas, algumas resistências em razão de não estar de acordo com a cultura local, aconteceu conforme a decisão de Dona Antonia.
Por: Flávio Sampaio de Paiva * | |
Perguntei a um especialista em línguas: O que é o presépio? Ele respondeu-me: Presépio é uma obra de arte sacra, composta de figuras de materiais diversos, que representa o estábulo de Belém e as cenas relacionadas com o nascimento de Jesus. Contém a representação da manjedoura (cocho) em que Jesus foi posto ao nascer. A palavra presépio vem do latim praesepium, que por sua vez vem de prae - "antes", "na frente de" - e de saepes - "sebe", "cerca", "grade" -. O significado original dessa palavra era, pois, o de um recinto fechado onde se encerravam os animais: um curral, uma estrebaria. E como os animais confinados no curral precisavam comer, o significado dessa palavra estendeu-se também ao lugar em que os animais comem, à manjedoura. Perguntei a um crítico de arte brasileiro: O que é o presépio? E ele respondeu-me: Os cristãos celebram o Natal desde fins do século III, quando já peregrinos se dirigiam ao local de nascimento de Cristo, a gruta de Belém. No século seguinte, a cena da Natividade aparece em relevos de sarcófagos, instrumentos litúrgicos ou afrescos, que mostram a Virgem Maria, a Adoração dos Reis Magos e o Menino a repousar na manjedoura. A primeira dessas imagens de que se tem notícias foi esculpida em um sarcófago do século IV, e encontra-se hoje no Museu das Termas, em Roma. É um baixo-relevo em que uma árvore faz o papel de cabana, um pastor medita apoiado em um bastão, o Menino está em um cocho rústico envolto em panos, ladeado por um burro e um boi. Bem depois, em 1223, na Itália, ocorre um fato marcante na história dos presépios. São Francisco de Assis, em vez de festejar a noite do Natal na igreja, como se fazia habitualmente, decidiu levar uma manjedoura, um boi, um burro e outros elementos do pre sépio a uma gruta nos arredores da cidadezinha de Greccio, fazendo uma representação ao vivo da cena. Assim, Francisco ganhou a fama de ter criado o presépio, embora somente séculos mais tarde os presépios tenharn adquirido a forma atual. No século XV, passou a haver representações do Natal em forma de esculturas, muitas vezes em tamanho natural, expostas em oratórios (capelas) nas igrejas. Sempre havia ai uma preocupação didática: pretendia-se que os espectadores, ao olharem o presépio, tivessem a sensação de estar penetrando no palco da História Sagrada. No século seguinte, as figuras libertam-se das capelas e começam a aparecer soltas, em grupos. Nasce assim o presépio como o concebemos hoje: capaz de ser modificado por cada artista que o constrói ou por cada pessoa que o monta, em sua casa, ano após ano. Aliás, a graça do presépio está em ser criativo, tornan do cada um deles diferente, pessoal e único. O primeiro presépio deste tipo que se conhece em uma casa privada foi provavelmente elaborado em 1567: sabemos pelo seu testamento que a Duquesa de Amalfi, Constanza Piccolomini, possuía dois baús com 116 figuras, utilizadas para representar o Nascimento e a Adoração dos Reis Magos. No século XVIII, conventos e cortes dedicaram-se à construção de presépios. Em Nápoles, Carlos III, rei das Duas Sicílias, investiu fortunas para construir presépios de madeira talhada ou pedra esculpida com um enorme número de personagens coloridos e cenas da vida popular; daí proveio a tradição dos presépios napolitanos. Se Nápoles, Sicília, Munique e a região alpina alemã estabeleceram uma tradição em presépios, o Brasil não ficou atrás. Já em 1532, o padre José de Anchieta, ajudado pelos índios, modelava em barro pequenas figuras representando o presépio, com o propósito de inculcar nos indígenas a tradição de honrar o Menino Jesus no dia de Natal. Mais tarde, começaram a aparecer cenas com características nacionais, como lavadeiras que carregavam trouxas, fazendeiros que cuidavam de animais, mulheres que davam milho a galinhas, monjolos, montes, árvores da terra e igrejinhas iluminadas. No século XX, surgem legítimos representantes nacionais da arte do presépio. Um caso é o presépio do Pipiripau, em Belo Horizonte, com quarenta e duas cenas. Outro destaque é o trabalho das figureiras do Vale do Paraíba, em São Paulo, principalmente Taubaté. E como esquecer o mestre Vitalino de Caruaru, Pernambuco, com as suas pequenas figuras modeladas em barro? E as obras realizadas em São Paulo por Evarista Ferraz Salles, pioneira no Brasil em trabalhos de artesanato de palha, milho e bucha, com os seus presépios dentro de cabaças, que são reconhecidos nacional e internacionalmente? [1] Perguntei a um teólogo: O que é o presépio? Ele respondeu-me sabiamente: A festa de Natal ocupa um lugar muito especial no coração dos cristãos. Possui um brilho e um calor humano que nos comovem mais do que qualquer outra cristã.
Muito desse encanto se deve a São Francisco de
Assis e à famosa celebração do Natal em Greccio, no de 1223. Essa
celebração contribuiu decisivamente para que se desenvolvesse e se
estendesse o formosíssimo costume de montar presépios para comemorar o
evento.
Tomás de Celano, o primeiro biógrafo de São
Francisco, relata-nos: "Celebrava com incrível alegria, mais que nenhuma
outra solenidade, o Natal do Menino Jesus, pois afirmava que era a
festa das festas, em Deus, feito um menino pobrezinho, pendeu de tos
humanos. Beijava como um esfomeado as imagens dessa criança, e a
derretida compaixão que tinha coração pelo Menino fazia com que
balbuciasse palavras doces, como uma criancinha. Para ele, esse me era
como um favo de mel nos seus lábios" [2].
Havia naquela cidade um homem chamado João, "de boa fama e vida ainda melhor, por quem São Francisco tinha especial amizade", e a quem o santo encarregou de preparar a representação da cena, dizendo-lhe: "Quero evocar o menino que nasceu em Belém, os apertos que passou, como foi posto num presépio, e ver com os meus próprios olhos como ficou em cima da palha, entre o boi e o burro"[3]. Já na véspera do Natal, o povo aproximou-se, alegre com a expectativa de ver o mistério representado ao vivo. Os frades cantavam, dando louvores ao Senhor. A missa de Natal foi celebrada ali mesmo, e diz-se que o sacerdote que a celebrou sentiu uma piedade que jamais experimentara até então. São Francisco, que era diácono, cantou com voz sonora o santo Evangelho. Depois pregou ao povo presente, dizendo coisas maravilhosas sobre o nascimento do Rei pobre e sobre a pequena cidade de Belém [4]. O cardeal Ratzinger, antes de tornar-se Papa, comentou a nova dimensão que São Francisco tinha outorgado à festa cristã do Natal. A descoberta da revelação do «Emanuel», Deus-conosco, realizada no Menino Jesus, penetra profundamente nos corações dos cristãos, porque nenhum obstáculo de sublimidade ou de distância nos separa mais dEle. Como menino, aproximou-se tanto de nós que podemos tratá-lo sem receio, com simplicidade e total confiança: "No Menino Jesus, torna-se patente, mais que em nenhuma outra parte, o amor indefeso de Deus: Deus vem sem armas, pois não pretende assaltar de fora, mas conquistar de dentro, e a partir daí transformar-nos. Se algo pode desarmar e vencer os homens, a sua vaidade, a sua sede de poder ou a sua violência, assim como a sua cobiça, é a fragilidade de um menino. Deus escolheu essa fragilidade para nos vencer e para tornar-nos conscientes do que realmente somos. [...] "Quem não entendeu o Mistério do Natal não entendeu o que é mais decisivo e fundamental no ser cristão. Quem não o aceitou, não pode entrar no reino dos céus. Isso é o que Francisco pretendia recordar à cristandade da sua época e à de todos os tempos posteriores"[5].Podemos ainda perguntar-nos: Por que o boi e o asno fazem parte do presépio desde o começo? Novamente é o cardeal Ratzinger quem nos responde: "O boi e o asno não são mera produção da fantasia. Converteram-se, pela fé da Igreja, [...] nos acompanhantes do acontecimento natalino.Com efeito, em Isaías 1,3 diz-se concretamente: «O boi conhece o seu dono, e o asno o presépio do seu amo, mas Israel não entende, o meu povo não tem conhecimento». "Os Padres da Igreja viram nessas palavras uma profecia que apontava para o novo povo de Deus, a assembleia dos judeus e dos cristãos. Diante de Deus, todos os homens, tanto judeus como pagãos, eram como bois e asnos, sem razão nem conhecimento. Mas o Menino, no presépio, abriu-lhes os olhos, de maneira que agora reconhecem a voz do seu dono, a voz do seu Senhor. "Nas representações medievais do Natal, não deixa de causar estranheza o fato de esses animais chegarem a ter rostos quase humanos e a prostrar-se e inclinar-se perante o mistério do Menino, como se o entendessem e o estivessem adorando. Mas isso era lógico, uma vez que esses dois animais eram como símbolos proféticos sob os quais se oculta o mistério da Igreja, o nosso mistério, já que nós somos boi e asno diante do Eterno, boi e asno cujos olhos se abrem na noite de Natal, de forma que, no presépio, reconhecem o seu Senhor. [...] "Quando colocamos as figuras que nos são familiares no presépio, devemos pedir a Deus que conceda aos nossos corações a simplicidade que sabe descobrir o Senhor no Menino, tal como Francisco na sua época. Então poderemos experimentar o que nos conta Celano acerca dos participantes da celebração de Greccio com umas palavras muito parecidas às de São Lucas a propósito dos pastores da primeira noite de Natal (Lc 2, 20): «Todos regressaram para suas casas repletos de alegria»"[6]. Depois de perguntar aos entendidos, resolvi perguntar a uma criança: O que é o presépio? Ela simplesmente me respondeu:
E o lugar onde Deus nasce.
Perguntei também a um escritor de contos: O que é o presépio? Ele respondeu-me: É o lugar ideal para voltarmos a ser crianças e deliciar-nos com os sonhos de Deus. É a inspiração indispensável para escrever e ler contos de Natal. [1] Cfr. Oscar D'Ambrósio, A arte dos presépios . [2] Tomás de Celano, "Segunda vida de Sâo Francisco, em Fontes nciscanas, 9 a ed., Vozes/FFB, Petrópolis, 2000, n 199. [3] Tomás de Celano, "Primeira vida de São Francisco", em Fontes franciscanas , n. 84. F omes
[4] Cfr. ibid ., ns. 85-86.
[5] Joseph Ratzinger, El rostro de Dios , Ediciones Sígueme, Sala-1983, págs. 19-25. [6] Ibid. |
Exemplo de presépio napolitano
O
Presépio do Pipiripau, um dos mais tradicionais de Minas Gerais, no
Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG, em Belo
Horizonte-MG. O presépio feito pelo artesão Raimundo Machado, em 1906,
ocupa uma área de 20 metros quadrados e narra a vida de Cristo. Os
interessados em conhecer a obra devem agendar visita pelo site www.mhnjb.ufmg.br.
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* Esse texto é parte do livro O Presépio das Crianças , do Padre Flávio Sampaio de Paiva, publicado pela Editora Quadrante. | |
Publicado no Portal da Família em 22/12/2011 Emocionado com a alegria contagiante dos presentes amigas com quem eu convivi em epocas passadas, que cantavam e hoje, em substitição as suas mães continuam com a tradição e resignadas nos deram uma verdadeira lição de como viver em Comunidade pacífica agradeço a todos que participaram e como cantoras oficiais: Luzanira Borralho, Maria Chelê, Irene, Maria Rita, comadre Josefa, Joana, Mundica Pinto e outros meu Abraço fraterno. Ver fotos Antonia 88 José Nazário 89, Marcílio filho, Reinaldo filho e Maria Rita nora do casal de idosos. Luzanira e Irene estão combinando os cantos |
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