Por: Nieves García
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Alguém da minha família um dia conheceu Ramón
Vázquez, um vendedor ambulante de batatas fritas, que tem sempre muita
gente no ponto de venda, não só a comprar como a contar algo da sua
vida, a pedir um conselho… Ramón Vásquez só estudou até à 4ª série e de
psicologia não sabe nada. Na sua terra natal e nos arredores, seu local
das batatas é famoso porque as pessoas sempre saem de lá feliz. Eu também fui ao local das “Batatas Vásquez” para conhecer este homem tão bom. Ao falar com ele, perguntei-lhe como é que vinha tanta gente ver-lhe e ele, sorrindo, disse-me: “As pessoas só precisam ser ouvidas”. “Certo”, disse-lhe, “mas, como é que aprendeu?”. Olhou para trás e assinalando com carinho uma mulher grisalha que pesava batatas, disse-me: “Foi ela que me ensinou há muitos anos. É a minha mulher e adoro-a e… é surda-muda”. Ramón aprendeu a ouvir os outros graças ao amor a uma mulher que não pode falar. Descobriu que o ser humano, todo ele, é uma mensagem viva. Dizer ser humano é o mesmo que dizer “ser que comunica e se expressa”. Tudo nele se mostra ao outro, porque para que haja comunicação real tem que haver a presença de um emissor e… de um receptor. No homem e na mulher, tudo neles é a expressão deles mesmos. Os seus olhos, o seu corpo, os seus movimentos… expressam-nos como seres inteligentes, livres, por vezes angustiados, cheios de sonhos e projetos, criativos, por vezes cruéis e muitas vezes inseguros. O que acontece quando uma mensagem não é ouvida? No nosso mundo há muito ruído, muitas palavras, pouco silêncio e menos ainda escuta. Nunca como agora os meios de comunicação foram tão efetivos e variados e nunca como agora, paradoxalmente, o ser humano, pelo menos na sociedade ocidental, passou por tantos problemas de solidão e isolamento. Falta uma escuta real. Os índices de violência crescem de forma alarmante: a violência contra a mulher, contra o homem, contra as crianças. Calcula-se que já chega a 800.000 o número de crianças obrigadas a serem soldados e treinados para matar. O cidadão comum, que só participa na política quando chegam as eleições e é constantemente bombardeado através da televisão e imprensa com notícias de morte e violência de uns contra outros, sente-se imponente perante esta situação. Gostaria de “fazer alguma coisa” mas o quê? A violência é como a água que desce por uma montanha. Começa como um pequeno riacho, mas à medida que vai encontrando mais água, vai tomando mais corpo, até ser um rio cuja força de arraste é imensa. A torrente é mais fácil de parar quando se coloca um dique no momento do nascimento. O mesmo acontece com a violência. Quantos conflitos que acabaram em sangue não teriam ocorrido se tivesse havido um esforço real para começar um primeiro diálogo! E para haver diálogo temos que educar o ser humano a ter uma atitude mais simples: temos que aprender a ouvir. Este dique pode ser pequeno… mas pode evitar cataratas de dor. E isto sim pode fazer qualquer cidadão comum, não? Quando alguém é realmente ouvido, serena. Assim como dizem que a música amansa as feras, ouvir apazigua o coração humano, início de qualquer surto de violência. Temos que aprender a ouvir. Como aprender a ouvir os outros? Primeiro é querer ouvir, mas mesmo tendo este desejo, há conselhos simples que se podem dar:
Quando se ouve o outro, dá-se o primeiro passo para amar; e quando se ama alguém, com que gosto o ouvimos! |
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Fonte: www. mujernueva.org |
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Publicado no Portal da Família em 11/05/2013 |
terça-feira, 21 de maio de 2013
O OUVIR QUE ACALMA O CORAÇÃO HUMANO
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