Hospital Espírita de
Marília, uma obra movida
pelo amor
Fundado
há mais de 70 anos, o
conhecido Hospital alia
o
tratamento espiritual
ao tratamento médico
convencional
Era a década de 1930,
mais precisamente no ano
de 1939, quando a
Europa, o berço da
cultura ocidental,
enfrentava novamente um
dos piores momentos de
sua história, a Segunda
Guerra Mundial,
produzida por governos
totalitários com fortes
objetivos militaristas e
expansionistas.
No Brasil, mesmo vivendo
sob regime inspirado no
fascismo italiano, houve
a descoberta do primeiro
poço de petróleo na
Bahia, a primeira
demonstração da
televisão no Rio de
Janeiro e, sob a
influência do maior
mandamento deixado por
Jesus – amar ao próximo
como a si mesmo –,
homens de bem de uma
pequena cidade do
interior do Estado de
São Paulo “arregaçaram
as mangas” e deram o
ponto de partida para a
criação do que é hoje um
dos mais importantes
hospitais espíritas do
Brasil, o Hospital
Espírita de Marília (HEM).
Lançada a ideia em 8 de
janeiro de 1939, quando
da inauguração do prédio
do Centro Espírita Luz e
Verdade, o médico Dr.
Antônio Pereira Manhães,
por sugestão de Hygino
Muzzy Filho, alfaiate na
cidade, propôs que se
fundasse em Marília um
hospital, que na época
chamou-se Hospital
Espírita de Deus,
destinado ao tratamento
dos doentes mentais, que
eram vistos então como
pessoas violentas e
perigosas, e que por
fim, não havendo vagas
no então conhecido
Juqueri (o mais antigo
Hospital Psiquiátrico do
Brasil, construído em
1895 por Francisco
Franco da Rocha), eram
aprisionadas nas cadeias
públicas, para garantir,
desse modo, a “ordem
social”.
Encontrando apoio
imediato dos presentes
na criação da
instituição, logo se
nomeou uma Comissão para
tratar do assunto,
composta por Alfeu César
Pedrosa, Henrique
Barbieri, Eloy Alves da
Silva, Paulo Corrêa de
Lara, Dr. Antonio
Pereira Manhães, Hygino
Muzzy Filho, Frediano
Giometti, Quintino
Arnaldo da Silva,
Constantino Marcolino de
Souza, Ruy Pedro da
Silva e Manoel Pinto
Ribeiro, aos quais,
tempos depois, se
juntaram Eurípides
Soares da Rocha, Amadeu
Guedes Monteiro,
Guilherme Person, João
Rapado Júnior, Dr.
Belisário Bonifácio de
Almeida, Paulino da
Silva Lavandeira,
Antonio Mezas Martinez,
João Neves Camargo e
Sebastião Gonçalves
Sobrinho.
O
Hospital dispõe de 330
leitos, 260 somente para
o SUS
De lá para cá, pacientes
de todo o país e algumas
vezes até de outras
nações procuraram ali
atendimento. Passados
quase dez anos de
funcionamento do
Hospital nos fundos da
Casa Espírita Luz e
Verdade, percebeu-se a
necessidade de expansão
do atendimento aos
considerados doentes
mentais, e, em face
disso, o grupo de
trabalhadores logo se
movimentou para a
construção e inauguração
do então Hospital
Espírita de Marília,
fato que se deu no dia
18 de julho de 1948. A
missão da instituição
era trabalhar com muito
amor pelo próximo,
baseado nos ensinos de
Jesus e do Espiritismo.
Atualmente, mais de 70
anos depois, o Hospital
Espírita de Marília
atende pacientes
conveniados pelo SUS
(Sistema Único de Saúde)
e particulares; contudo,
dos 330 leitos
existentes e em
funcionamento
diariamente, 260 são
exclusivos para
atendimento aos
pacientes do SUS.
Com tantos pacientes de
diferentes necessidades,
o Hospital divide-se em
alas de acordo com a
necessidade de cada
paciente: o Hospital de
Internação Integral, que
tem o objetivo de
retirar pacientes da
fase aguda da doença
através de tratamento
medicamentoso e
psicoterápico, visando
também a ressocialização
do paciente estimulando
a sua parte sadia
através de grupos
operativos, entrevistas
individuais, reuniões de
comissões internas,
terapia ocupacional,
passeios e recreação; o
Atendimento a
Dependentes Químicos
adultos e
infanto-juvenis,
respeitando sempre o
Estatuto do menor e do
adolescente; o Lar
Abrigado, localizado na
Vila da Boa Vontade,
anexo ao Hospital,
contendo 5 casas com
capacidade para 33
pacientes de ambos os
sexos, que tem como
principal objetivo a
desospitalização
progressiva através de
ações programadas pela
equipe multidisciplinar
que busca colocá-los em
condições de recomeçar a
vida frente à sociedade.
Há ainda mais duas
unidades, o Hospital-Dia
Gabriel Ferreira
(foto) e a
Unidade Allan Kardec. O
Hospital-Dia, com
capacidade para
atendimento de até 30
pacientes, tem como
principal função a
assistência à saúde
mental, que representa
um recurso intermediário
entre a hospitalização e
o ambulatório, tendo
como vantagem principal
a preservação dos
vínculos com a família e
a comunidade. Nessa
modalidade
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de assistência o
paciente
permanece no
Hospital no
horário das 7h30
às 17h
servindo-se de
três refeições
diárias e
fins-de-semana
livres.
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O
tratamento espiritual
alia-se ao tratamento
médico
A Unidade Allan Kardec é
destinada ao atendimento
de pacientes
particulares e de
convênios, a fim de
libertar o paciente da
crise em que se encontra
e conscientizá-lo da
doença, permanecendo
internado apenas o tempo
necessário para
conseguir condições de
retornar ao meio
sociofamiliar o mais
rapidamente possível.
O tratamento médico é o
recomendado pela
medicina atual, contando
com a utilização dos
recursos medicamentosos
e de psicoterapias
individuais e grupais,
mas o Hospital, seguindo
a orientação espírita,
promove também o
tratamento espiritual,
com palestras espíritas
matinais, de segunda a
sábado, sobre temas
extraídos d´O Livro
dos Espíritos, com a
participação de
pacientes de todas as
unidades de tratamento,
além da aplicação do
passe para os que
desejarem e a orientação
espiritual em grupo, uma
vez por semana, quando
então o paciente pode
sanar possíveis dúvidas.
A equipe de
palestrantes,
orientadores e passistas
compõe-se de diretores e
funcionários do próprio
hospital e também de
voluntários que
frequentam os centros
espíritas de Marília.
Ao ser questionado sobre
o que mais dá forças
para continuar com o
trabalho do hospital no
atendimento aos
pacientes que muitas
vezes são rejeitados
pela sociedade
considerada normal, o
presidente do Hospital
Espírita de Marília,
Vicente Armentano
Júnior, diz que “há uma
enorme alegria e
satisfação quando
consegue auxiliar aquele
irmão que está sofrendo
e vê-lo vencer todas as
suas dificuldades e
fazer novos progressos
em sua vida terrena”.
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Horta
mantida
pelo
hospital
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O
hospital
num dia
de festa
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Bruno Armentano,
administrador geral do
hospital, diz que, além
dos pacientes, se faz
necessário um trabalho
constante de motivação e
comprometimento dos 250
funcionários que
despejam toda a sua
energia dia a dia e esse
esforço se baseia na
principal lei da
existência, a lei do
amor.
De acordo com o
Evangelho segundo
o Espiritismo, o
amor resume toda a
doutrina de Jesus, pois
é o sentimento por
excelência. A lei do
amor substitui a
personalidade pela fusão
dos seres e extingue as
misérias sociais. “Feliz
aquele que,
sobrelevando-se à
humanidade, ama com
imenso amor os seus
irmãos em sofrimento!
Feliz aquele que ama,
porque não conhece as
angústias da alma, nem
as do corpo! Com que
direito exigiríamos de
nosso semelhante melhor
tratamento, mais
indulgência,
benevolência e
devotamento, do que lhes
damos? A prática dessas
máximas leva à
destruição do egoísmo.
Quando os homens as
tomarem como normas de
conduta e como base de
suas instituições,
compreenderão a
verdadeira fraternidade,
e farão reinar a paz e a
justiça entre eles”.
Nota do Autor:
As informações
históricas foram
retiradas do site da AME
Brasil (Associação
Médico Espírita do
Brasil
www.amebrasil.org.br
e com os entrevistados.
Outras informações podem
ser obtidas pelo tel.
(14) 2105-1466 ou pelo
correio eletrônico
hem@hem.org.br.
Fonte: Retirado de o Consolador uma Revista Semanal de Divulgação Espírita
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