segunda-feira, 15 de abril de 2013

DEPUTADO DENUNCIA MAIS UM CASO DE ESTRADA FANTASMA NO MARANHÃO



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13 de abril de 2013 às 10:26
Nonato Reis é jornalista e escreve para o Jornal Pequeno aos domingos
O deputado Marcelo Tavares denunciou, anteontem, na Assembleia Legislativa, que o governo do Estado pagou mais uma vez por uma estrada não construída, a exemplo do que aconteceu com a polêmica 'estrada fantasma' Arame/Paulo Ramos.
Conforme a denúncia, a administração Roseana Sarney, em documento encaminhado ao BNDES, apresenta como concluída a estrada Vargem Grande/Coroatá, sem que a rodovia tenha sido executada. O valor do contrato, assinado com a empresa JNS Canaã para execução dos serviços, é da ordem de R$ 4,3 milhões.
Resumo da obra constante no Diário Oficial do Estado diz o seguinte: estrada Vargem Grande/Coroatá: implantação, melhoramento e pavimentação, extensão 47.40. Empresa contratada JNS Canaã, construção e paisagismo. Empresa supervisora - Rodoconsult, valor pago com dinheiro do BNDS R$ 4 milhões 309 mil 604 e 23. Situação concluída.
Segundo Tavares, o governo enganou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social e apresentou na prestação de contas um documento dizendo que tinha concluído a estrada para pegar o dinheiro do empréstimo, o que, segundo Tavares, caracteriza crime de falsidade ideológica.
'Afirmo, que o governo enganou o BNDES para pegar o dinheiro do empréstimo. Cometeu aqui uma falsidade ideológica; mandou uma prestação de contas e diz que a obra está concluída. As palavras não são minhas, o documento não é meu. Está aqui como concluída', enfatizou Tavares.
Justificativa – O ex-secretário de Infraestrutura do estado Max Barros justificou: 'O BNDES não paga nenhum órgão, nenhum estado mediante relatório; ele paga mediante a medição que ele mesma também vem e fiscaliza, paga mediante a fatura, a nota fiscal; ele reembolsa o que foi pago, e não iria reembolsar mediante apenas um documento de relatório. Precisa da medição, da nota fiscal, da fatura e com certeza se existe no relatório como concluído, pode ser uma falha do relatório. Agora os recursos que o BNDES repassou foram correspondentes ao que foi feito e ao que foi pago. Porque o BNDES é uma grande instituição financeira e de maneira alguma vai repassar recursos mediante um mero relatório. É preciso fazer a comprovação tanto física quanto contábil que os serviços foram executados'.
Diante da intervenção de Max Barros, o representante da oposição replicou: 'Só quero dizer que o Estado disse que fez a estrada todinha, está aqui concluída, valor da obra R$ 18,915 milhões, deputado Max, não estava só um trecho, dois ou três, está o valor da obra, para asfaltar 50 km. Pegaram desse valor R$ 4.309.604,23 do dinheiro do empréstimo? Quando V. Exª disse que tudo foi feito, está aqui, pagaram uma parte e pediram ressarcimento', reafirmou.
Na avaliação do deputado Bira do Pindaré, a engenharia é a seguinte: 'O governo pegou tudo o que era para fazer com o orçamento do Estado, colocou para justificar o empréstimo e agora vai ter uma sobra de caixa no governo para fazer o quê? A farra dos convênios', denunciou o petista.
Conforme Marcelo Tavares, a farra dos convênios já existiu. Ele afirma que esse dinheiro foi aplicado em 2009 e em 2010. 'O dinheiro deve ter sido gasto nos convênios para comprar a eleição da governadora, e essas obras do convênio nunca foram feitas, boa parte delas. No mês passado olhei no Diário Oficial uma prorrogação em torno de 10 a 20 convênios, convênios de 2009 e 2010 dando aditivo de prazo para ele ser feito em 2015. As outras secretarias nem se dão a esse trabalho', denunciou.
Tavares explicou que na gestão de Max Barros, a Sinfra não pagava obra não executada e daí era obrigada a fazer novamente os convênios, porque os prefeitos não fizeram e empurraram o negócio para quem viesse para frente. 'Esses convênios não foram executados e, até hoje, estão sendo prorrogados com aditivo de prazo', acusou.
Para concluir o assunto, Marcelo Tavares acrescentou: 'Não estou dizendo que pagaram pela estrada que não foi feita, eu não tenho prova de que a JNS Canaã recebeu R$ 18 milhões pela obra. Não estou dizendo isso. E duvido que alguma coisa desse tipo tenha acontecido na gestão de Max Barros, duvido, conheço o deputado Max. Agora, o que estou dizendo é que o secretário João Bernardo Bringel mandou para o BNDES informações que não são verdadeiras, para botar a mão no ressarcimento do dinheiro do banco. Isso é que estou dizendo. Taparam o buraco do estado feito com os convênios enganando o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social'.

2014: o plano B de Roseana

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Por: Nonato Reis Data de Publicação: 7 de abril de 2013 às 10:19
Nos meus anos de exercício profissional, alguns dos quais convivendo na intimidade do poder, aprendi algumas noções básicas sobre política, não aquela que se estuda em manuais e compêndios, mas a que se observa no quotidiano da vida pública, onde os fatos se sucedem ao sabor das conveniências e dos interesses jamais proclamados à luz dos holofotes e dos microfones. Em política o acaso até pode acontecer, mas é uma exceção. Na regra uma peça, quando se desloca no tabuleiro, não o faz de forma autônoma, mas obedece a um comando e a um propósito.
O afastamento de Max Barros da estrutura do governo, seguido do seu retorno para a Assembleia e da sua imediata eleição para a primeira vice-presidência da Casa é uma jogada, cuja magnitude passou despercebida, e que até hoje jamais foi devidamente analisada. A maioria tomou o efeito pela causa. Imaginou que com essa mudança Roseana apenas desejava turbinar Luís Fernando, seu candidato para 2014.
Não foi só isso. Digamos que ela matou vários coelhos com uma só tacada. A ida de Max para a Assembleia dá vida ao que se poderia chamar de plano B do grupo Sarney. De que modo? Fácil de entender. O processo que requer a cassação de Roseana é tão explosivo quanto o que alijou Jackson Lago do governo em 2009. Dentro do próprio grupo que lhe dá sustentação há um entendimento de que, se Roseana for a julgamento (e é certo que vai), corre sólido risco de perder o cargo.
Caindo, leva Washington junto. Neste cenário e sabendo que a cassação de ambos ocorreria no terceiro (ou no quarto) ano de mandato, o presidente da Assembleia, o deputado Arnaldo Melo, assume o governo. Só que interinamente, porque ele não tem a prerrogativa de suceder; apenas de substituir. Arnaldo teria 30 dias para realizar eleições indiretas.
Para quem não sabe, eleição indireta de governador de Estado ou de presidente da República é aquela que se dá no âmbito do Poder Legislativo, quando este assume o formato de colégio eleitoral. O fundamento legal está inscrito no parágrafo primeiro do art. 61 da Constituição do Estado, em conformidade com o art.81, parágrafo primeiro da Constituição Federal.
Naturalmente, há de se perguntar. Mas na hipótese de Roseana ser cassada, quem deveria assumir não é o segundo colocado nas eleições de 2010, no caso o ex-deputado Flávio Dino? Não sei. Este é um tema para juristas. Devo apenas lembrar que, quando o TSE decretou a perda do mandato do governador do Tocantins, Marcelo Miranda, em 2009, mandou a Assembleia tocantina realizar eleições indiretas para preencher a vacância, derrubando todos os recursos interpostos contra ela.
Dito isto, voltemos à análise anterior. Com o deslocamento de Arnaldo para o governo, Max assume a presidência da AL e comanda o processo da eleição indireta. Ele próprio se lança candidato e ganha fácil, porque além de obter os votos da base governista, transita bem na oposição, e pode ser até aclamado, em vez de eleito por maioria. Ele então cumpriria o mandato de Roseana até o fim, conforme determina a Constituição. Cumpriria?
Aqui chegamos a uma encruzilhada, que oferece alguns questionamentos. Max assumindo o governo do Estado, como ficaria a candidatura de Luís Fernando Silva? Continuaria de pé ou seria descartada? E Lobão, ficaria quieto ou se articularia para, enfim, emergir candidato? Apeada do poder, Roseana continuaria com autoridade política para ocupar a cabeceira da mesa e definir o seu candidato? E, finalmente, Max aceitaria o papel de figurante da sua sucessão ou reivindicaria para si prerrogativa de disputar a reeleição?
Naturalmente, estamos caminhando em um terreno subjetivo e tudo isto não passa de um mero exercício mental. Pode ser que nada do que descrevo aqui aconteça de fato. Tudo vai depender do resultado do julgamento no TSE. Uma coisa é certa: Roseana agiu de caso pensado, e devidamente instruída. Não tirou Max do governo e o mandou de volta para a Assembleia apenas porque desejava dar maior visibilidade a Luís Fernando. Fosse assim, que necessidade havia de Ricardo Murad renunciar à vice-presidência da Assembleia, obrigando a Casa a promover nova eleição? Roseana mexeu no tabuleiro porque entendeu que precisava atuar preventivamente.
Alguém pode perguntar: por que entregar o papel de rainha a Max e não a Ricardo Murad, que já era o primeiro vice-presidente da Assembleia e havia sido preparado para a mesma missão. É simples. Com Ricardo, Roseana corria o risco de perder o governo numa eventual eleição indireta, porque ele não trafega entre os deputados com a mesma desenvoltura de Max. Além do que Ricardo carrega o trauma de ter perdido uma eleição praticamente ganha para a presidência da Assembleia. E como se sabe, gato escaldado corre léguas de água fria.
O certo é que, com ou sem plano B, o grupo Sarney se prepara para uma batalha de vida ou morte em 2014. Sabe que o futuro político da dinastia passa pela sucessão de Roseana e há muito começou a pavimentar o caminho que leva a esse destino. Na hipótese de Luís Fernando candidato, e este é o cenário mais provável, tem condições objetivas de lograr êxito. Trata-se de um nome jovem, com livre trânsito em todas as correntes políticas, e está calçado num majestoso aparato material. Com ele, Flávio Dino, o nome forte da oposição, diminui de tamanho e perde o tônus do seu discurso renovador.
Nonato Reis é jornalista e escreve para o Jornal Pequeno aos domingos

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