domingo, 30 de março de 2014

" O QUE CHAMAMOS DA 3ª IDADE FAZ PARTE DOS CICLOS DA EXISTÊNCIA"

ORSON PETER CARRARA
orsonpeter92@gmail.com
Matão, SP (Brasil)

 
Gladys Helaine de Miranda da Silva: 
Em Campinas-SP é realizado um interessante trabalho, o “Tecendo a Vida”, voltado para os compaheiros da chamada 3ª idade
 

Gladys Helaine de Miranda da Silva (foto), espírita desde 1983, natural de Paraíba do Sul-RJ e residente em Campinas-SP, vincula-se ao Centro Espírita Allan Kardec na cidade onde reside, no qual atua em preleções, aulas, como médium nas reuniões mediúnicas e também como coordenadora do Roteiro Espírita – nas tradicionais palestras nos domingos de manhã.
Formada em Comunicação, está aposentada e desde novembro de 2013 é funcionária do Instituto Popular Humberto de Campos, que é um dos Núcleos do CEAK, como Assistente Administrativa.

Na presente entrevista, Gladys fala de um importante trabalho, o programa “Tecendo a Vida”, que tem como foco a 3ª idade. 
O que é o programa “Tecendo a Vida”? 
“Tecendo a Vida” é um grupo intergeracional, com foco na 3ª idade, mas aberto a todos que dele queiram participar. Além dos companheiros mais idosos, contamos também com jovens que sempre estão conosco. 
Quando foi iniciado e que objetivo norteou o início das atividades? 
Foi criado em 2009, e tem por objetivo trabalhar emoções, sentimentos e intensificar relacionamentos de amizade, além de partilhar experiências e estimular formas de expressões. A motivação inicial para a criação desse grupo partiu de minha afinidade e carinho, desde minha infância, pelos idosos. E, também, por observar que o CEAK possuía uma geração de idosos que não tinha um grupo especificamente voltado só para eles. Participavam das diversas atividades do Centro como voluntários no artesanato, nos trabalhos doutrinários, mas não havia um grupo onde podiam se expressar livremente e partilhar suas experiências.
O grupo “Tecendo a Vida” não é um grupo assistencial, pois sua meta é fazer com que os idosos sejam valorizados pela grande contribuição que oferecem com suas lindas existências, sendo referências importantes em nossas vidas. 
Quantos participantes há em média? E qual a periodicidade mensal?
Temos em média a participação de 35 a 40 pessoas por reunião. O nosso objetivo é manter esse número, por reunião, para que possamos realizar trabalhos de grupo e de interatividade. Ainda realizamos apenas uma reunião mensal por falta de espaço, pois o CEAK tem um grande número de trabalhos e cursos que ocupam todos os espaços. Esses encontros são realizados aos sábados, das 15h às 17h, e sempre ao final temos um lanche de confraternização. 
Qual a principal experiência que resultou desse trabalho? 
É difícil destacar uma experiência resultante desse trabalho, pois foram muitas. Citarei apenas algumas: temos um morador de rua que participa de todas as reuniões e já disse que esse trabalho é muito importante. Temos um senhor que faz tratamento para esquizofrenia e é assíduo nas reuniões, e numa delas disse que se sentia sem condições de se expressar e que o "Tecendo a Vida" lhe havia proporcionado essa oportunidade. Uma senhora voltou a escrever e também nos disse que conseguiu perdoar o marido antes que ele desencarnasse, pois ainda sentia mágoas dele, e ela atribui essa superação à sua participação no grupo. Tivemos um casal de viúvos que acabou se relacionando e hoje estão juntos, morando no litoral, muito felizes. São muitas as experiências que nos comovem e ensinam. 
Que fato marcante gostaria de destacar? 
O fato marcante que destaco é que todos os que participam desse grupo se sentem valorizados, acolhidos e despertos para a importância de suas vidas e da possibilidade de continuarem a fazer projetos e realizá-los. 
O que é, e como é a dinâmica Baú de Recordações? 
Realizamos várias dinâmicas em nossos encontros. O Baú de Recordações é uma delas. É a oportunidade que cada um tem de apresentar aos companheiros algum objeto que guarda em sua casa e, através dele, contar que recordações lhe traz e por que é ele importante em sua vida. A dinâmica funciona assim: coloca-se um baú na sala e cada participante põe nele o objeto que escolheu para trazer ao encontro. Em seguida, cada um faz a descrição desse objeto, informando a quem pertenceu e relatando uma história relacionada a ele. 
E as emoções, como ficam? 
É maravilhoso observar quantas emoções afloram. São recordações que até levam às lágrimas, lágrimas que não representam dor, mas apenas saudades e lições importantes. Esse trabalho interativo realmente mexe com emoções que estão guardadas dentro de cada um e que são histórias lindas, marcadas pela sensibilidade e por sentimentos positivos. Até o momento ninguém apresentou algo que trouxesse uma lembrança negativa. 
Qual o benefício mais direto que você considera tem sido propiciado aos participantes? 
O benefício que podemos observar nos participantes do "Tecendo a Vida" é a alegria que reflete em cada olhar, em cada sorriso e também por começarem a ver e sentir essa fase da vida de forma positiva, pois compreendem que a faixa etária que chamamos de 3ª idade faz parte dos ciclos da existência. Notamos que ficam felizes em partilhar esses momentos com todos.  
Algo mais que gostaria de relatar? 
Em 2011 realizamos um trabalho com o Conselho Municipal do Idoso de Campinas e a PUC de Campinas, para a criação de um Manual onde estão todas as informações sobre os grupos de idosos e suas atividades específicas, bem como os atendimentos existentes em nossa cidade, facilitando a todos para que encontrem o tipo de atendimento de que necessitam, mais próximo de onde moram. O grupo “Tecendo a Vida” é o único grupo que pertence a um Centro Espírita e realiza esse tipo de trabalho procurando levar conhecimento, troca de experiências e emoções, mas existem trabalhos maravilhosos que são realizados para idosos e ficamos felizes em dar nossa pequena contribuição.
Em cada encontro do "Tecendo a Vida" faz-se presente um profissional – de diferentes áreas – que promove um trabalho interativo com o grupo. Já estiveram conosco: médicos, nutricionistas, filósofos, professora de danças circulares, professor de educação física, psicólogos etc.
Esperamos que esse grupo continue pelo tempo que for necessário e que tenha interessados que o multipliquem em suas localidades. Para isso, me disponho a passar todo o roteiro de como realizar esse trabalho e agradeço pela grande oportunidade de divulgação de nosso trabalho, oferecida através desta entrevista.
 Fonte: Retirado de O Consolador uma Revista semanal de Divulgação Espírita



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