quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Popularizar o Espiritismo. Eis o grande desafio!

 
Tânia Regina Reato

“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” - Jesus.
 
“Que mundo é esse?”
Nos dias atuais, não raro, ouvimos tal indagação referente às atrocidades sofridas pela nossa sociedade.

Atrocidades que têm sido noticiadas, costumeiramente pela mídia, como também as não noticiadas por tal via, mas de que tomamos conhecimento no nosso dia-a-dia. Fatos que nos infelicitam, gerados por pequenos e grandes distúrbios emocionais e/ou psíquicos, assolando a população. Entre eles, destacamos o estado colérico, por tratar-se do fator responsável por inúmeras desgraças acometidas entre as famílias e no meio social.

Com a cólera em ação temos mortes em pleno trânsito automobilístico, em locais destinados ao lazer, e, especialmente, nos bares e lanchonetes; temos as mortes em ambientes escolares, em ambientes de trabalho, em ambiente familiar, e, em larga escala, nas vias públicas e becos espalhados pela cidade. 

A cólera pode se mostrar explicita ou não. Sua manifestação, quase sempre, está ligada a circunstâncias envolvendo interesses pessoais. Pode manifestar-se a qualquer tempo ou ocasião, mantendo-se, temporariamente, embutida no âmago do ser, sendo “alimentada” através de pensamentos de raiva, desprezo, inveja, mágoa, rancor e semelhantes – ressentimentos que podem, a qualquer momento, despertar a “fera” aprisionada pelo verniz das conveniências pessoais ou sociais.

Tantos crimes, tantas intrigas, tantas desgraças nascem de pequenos atritos, pequenos desgostos, pequenos dissabores que, uma vez cultivados, levam o ser humano a comportar-se e agir como um animal enlouquecido.

Teremos que trabalhar muito na divulgação do Espiritismo
Tudo isso poderia ser evitado caso o código divino contido em O Evangelho segundo o Espiritismo fosse decodificado e amplamente propagado, difundido entre as massas. 

Assim, desse modo popularizado, passando a fazer parte integrante e atuante na conduta do ser, a refletir-se na sociedade terrena, certamente a violência registrada em nossos dias daria lugar a comportamentos mais responsáveis e mais humanos. Mas ainda não é assim! Nós, espíritas, teremos que trabalhar muito no exercício da divulgação do Espiritismo e na vivência de seus ensinamentos. Hoje, talvez mais do que ontem, é preciso divulgar e expandir esses ensinamentos entre as pessoas comuns de nosso relacionamento – ou não.

Nunca se falou tanto em Jesus como nestes tempos, mas, também, nunca se esteve tão distante Dele e de Seus ensinamentos como agora. O materialismo, gerando o consumismo exagerado, é o grande vilão. Ele invade as igrejas, estimulando as “oferendas” a título do “dai para receberdes”, onde alguns se beneficiam usando da miséria espiritual e material de outros. Invade os lares através do consumismo largamente estimulado pela mídia.  Invade a vida do cidadão comum, iludido pelas aparências do que “quem tem mais é o melhor e o mais aceito”, não importando tanto se o “ter” lhe chegou às mãos por meios lícitos ou não. 

Por estas e outras razões, as pessoas desavisadas e distraídas pelas ilusões materialistas propiciam ambientes mentais e físicos extremamente favoráveis para que Espíritos desordeiros, enganadores, vingadores, usurpadores, e por isso mesmo sofredores, “deitem e rolem” na “bagunça” dos sentimentos desvirtuados do bem, do belo, dos valores morais consagrados à vivência do ser em evolução. 

Somos influenciados e mesmo conduzidos pelos Espíritos
“O que fazer?” Se partirmos do princípio que todo mal nasce dos sentimentos contrários ao bem, a resposta é simples: “Cultuar sentimentos favoráveis ao bem em quaisquer circunstâncias que se nos apresentem”. A partir daí, uma vez munidos dos conhecimentos adquiridos na codificação espírita, trabalharmos incessantemente na prática desses ensinamentos e na sua divulgação.  Entretanto, esse trabalho requer esforço próprio e coletivo, cabendo, ao movimento espírita e aos espíritas, desenvolver métodos para que estes ensinamentos doutrinários se expandam na massa popular, objetivando o aprimoramento espiritual do ser. Isto resultará na tão almejada PAZ. Para tanto, é preciso buscar APAZIGUAR os tumultos existentes nos corações. Tumultos gerados por pensamentos menos felizes que fervilham nas mentes humanas e que, por sua vez, acabam convidando outras mentes, tão ou mais perturbadas quanto, a conviverem e a compartilharem existências. Devemos, ainda, levar em conta que esse compartilhar ocorre desde os lares até os ambientes de trabalho e via pública.

O Livro dos Médiuns nos detalha em seu capítulo 20 quanto somos influenciados pelos Espíritos e mesmo conduzidos por estes, na rotina de nossos dias. Esclarece ainda que essa influência pode ser positiva ou negativa, dependendo do teor de nossos pensamentos e da vibração emitida pelos mesmos, atraindo ou repelindo aqueles que nos são afins. Tais influências ocorrem em todos os locais por onde transitamos, especialmente naqueles que nos possibilitam o exercício do bom e salutar convívio, familiar ou social. Mas não basta termos o conhecimento e mantermos “a candeia por baixo do alqueire”. É preciso que a grande luz se expanda e ilumine mentes e corações.

É preciso atrair as massas para o estudo da doutrina espírita
Seria interessante que o movimento espírita tomasse medidas focando despertar o interesse geral da população, visando atrair as massas populares para o estudo da doutrina. Um exemplo poderia ser o de se promover feiras de livros e audiolivros, feiras que poderiam ser organizadas em praças públicas, onde visitantes seriam convidados e estimulados a se reunirem junto aos organizadores e participantes do evento com o propósito de, unidos, fazerem vibrações direcionadas em prol da paz. A atmosfera terrena e os Espíritos trabalhadores da Seara do Cristo pedem com maior intensidade movimentos como estes, e cabe ao movimento espírita promovê-los com “fé, esperança e caridade”.

Para confirmar, vejamos o que nos diz Erasto na mensagem “Missão dos Espíritas”, constante do cap. 20, item 2, de O Evangelho segundo o Espiritismo, abaixo transcrita:
 “... ide pregar e ensinar o dogma novo da reencarnação e da elevação dos Espíritos, segundo o bom ou mau desempenho de suas missões e a maneira por que suportaram as suas provas terrenas... Oh, verdadeiros adeptos do Espiritismo: vós sois os eleitos de Deus! Ide e pregai a palavra divina. É chegada a hora em que deveis sacrificar os vossos hábitos, os vossos trabalhos, as vossas futilidades, à sua propagação. Ide e pregai: os Espíritos elevados estão convosco. Falareis, certamente, a pessoas que não quererão escutar a palavra de Deus, porque essa palavra os convida incessantemente ao sacrifício. Pregareis o desinteresse aos avarentos, a abstinência aos dissolutos, a mansidão aos tiranos domésticos e aos déspotas: palavras perdidas, bem sei, mas que importa! É necessário regar com o vosso suor o terreno em que deveis semear, porque ele não frutificará, não produzirá, senão sob os esforços incessantes da enxada e da charrua evangélicas. Ide e pregai! Sim, vós todos, homens de boa-fé, que tendes consciência de vossa inferioridade, ao contemplar no infinito os mundos espaciais, parti em cruzada contra a injustiça e a iniquidade. Ide e aniquilai o culto do bezerro de ouro, que dia a dia mais se expande. Ide, que Deus vos conduz! Homens simples e ignorantes, vossas línguas se soltarão, e falareis como nenhum orador sabe falar. 

“Ide e pregai”, este é o conselho que nos veio de Erasto
“Ide e pregai, que as populações atentas receberão com alegria as vossas palavras de consolação, de fraternidade, de esperança e de paz. (...) o pastor saberá defender as suas ovelhas contra os carrascos imoladores. Ide, homens que sois grandes perante Deus, e que, mais felizes do que Tomé, credes sem querer ver e aceitais os fatos da mediunidade, mesmo quando nada conseguistes obter por vós mesmos. Ide: o Espírito de Deus vos guia! Marchai, pois, para frente, grandiosa falange da fé! E os pesados batalhões dos incrédulos se desvanecerão diante de vós, como as névoas da manhã aos primeiros raios do Sol. A fé é a virtude que transporta montanhas, disse Jesus... Parti, pois, cheios de coragem, para remover essas montanhas de iniquidades que as gerações futuras não devem conhecer, senão como pertencentes à idade das lendas, da mesma maneira como só imperfeitamente conheceis os períodos anteriores à civilização pagã. Sim, as revoluções morais e filosóficas vão eclodir em todos os pontos do globo. Aproxima-se a hora em que a luz divina brilhará sobre os dois mundos. Ide, pois, levando a palavra divina aos grandes, que a desdenharão; aos sábios, que desejarão prová-la; e aos simples e pequeninos, que a aceitarão, pois, principalmente entre os mártires do trabalho, nesta expiação terrena, encontrareis entusiasmo e fé. Ide! Que estes receberão jubilosos, agradecendo e louvando a Deus, a consolação divina que lhe oferecerdes; e, baixando a fronte, renderão graças pelas aflições que a Terra lhes reservou. Arme-se de decisão e coragem a vossa falange! Mãos à obra! O arado está pronto, a terra preparada: arai! Ide e agradecei a Deus a gloriosa tarefa que vos concedeu. Mas, cuidado, que entre os chamados para o Espiritismo, muitos se desviaram da senda! Atentai, pois, no vosso caminho, e buscai a verdade!”

Essa é apenas uma das mensagens contidas nas obras edificantes de Kardec, que solicita, estimula e espera de nós, espíritas, o maior empenho em favor do esclarecimento das mentes humanas. Esclarecimentos advindos da Espiritualidade Maior, pelos quais se alcançará o aprimoramento espiritual da criatura humana.  
Fonte: o Consolador uma Revista Semanal de Divulgação Espírita
 
 

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