JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Amada leitora, amigo leitor, certo dia em que
jantava no lar de Pedro, em Betânia, junto de seus discípulos, o Governador da
Terra permitiu que uma jovem derramasse sobre sua cabeça um vaso carregado de
unguento de alto valor. Foi o bastante para que fossem ouvidos os seguintes
murmúrios indignados: — Quanto desperdício! Há tantos pobres entre nós que
poderiam usufruir do dinheiro arrecadado com a venda desse óleo...
Os anos correram, o Cristo foi crucificado e, no
ano 64 da Era Cristã, Nero pôs fogo em Roma e culpou os cristãos, que foram
queimados em postes para iluminar o circo romano, onde eram realizadas festas e
jogos.
Decorridos duzentos e poucos anos, durante os
quais quanto mais cristãos eram martirizados, mais o Cristianismo crescia,
Constantino estava a caminho do domínio de Roma e de ser eleito seu Imperador,
cavalgando à frente de seu Exército, quando viu uma cruz luminosa e uma
inscrição: "Com este sinal, vencerás". Mandou reproduzir a cruz em
ouro e pedras preciosas e, dias mais tarde, assinou um edito de tolerância
religiosa, em especial, aos cristãos.
Em 381, o Imperador Teodósio declara o
Cristianismo a religião oficial do Estado.
Em 607 D.C., o Imperador Focas favoreceu a
criação do papado na Igreja romana. Depois disso, tivemos cerca de 1260 anos de
amarguras e violências medievais...
Após séculos de guerras religiosas entre
muçulmanos e católicos e destes com protestantes, em que, de perseguidos se
tornaram perseguidores, os cristãos inverteram o alerta de Jesus a Pedro no
Horto: "quem matar pela espada, pela espada morrerá".
No século XIX, em vista das absurdas
desigualdades socioeconômicas e da miséria de muitos, surgem as teorias filosóficas
e econômicas de Marx e Engels, expressas no Manifesto Comunista de fevereiro de
1848, que se afastam completamente da ideia de uma vida post-mortem e
centralizam a vida na matéria. Esses e outros pensadores seduziram um grande
número de pessoas, em sua maioria idealistas, mas desejosas de impor, pela
força das armas, tais teorias, que incentivavam a ditadura do proletariado.
Adepto dessa luta contra a burguesia, emerge, do
seio do povo argentino, um jovem que viveu apenas 39 anos, na Terra, mas quanto
sofrimento causou a si mesmo e a dezenas de seus seguidores. Seu nome era
Ernesto e viveu de 14 de junho de 1928 a 9 de outubro de 1967.
Filho de família burguesa, seus pais
empobreceram quando ele ainda era adolescente e passaram a morar nas proximidades
de uma favela. Para ajudar no sustento da família, Ernesto tornou-se
funcionário público e estudava muito. Então conheceu as teorias dos citados
comunistas, que transtornaram sua mente. Em 1951, ele entra para a universidade
e inicia o curso de medicina, especializando-se, mais tarde, em lepra.
Percorre, em 1951 e 1953, vários países da
América Latina, em cima de uma moto, acompanhado pelo amigo Alberto Granado, na
primeira viagem, e por Ricardo Rojo, na segunda. Percorrem o interior da
Bolívia, Equador, Peru, Colômbia, etc. e têm contato com índios, leprosos,
oprimidos de toda a sorte.
Lembrado da tese de Friedrich Engels de que
"o Estado é o Poder acima da sociedade" e adepto do comunismo
soviético, Ernesto alimenta o sonho revolucionário de criar uma América Latina
socialmente igual para todos. Associa-se a Raul e Fidel e chega a ocupar o
cargo de ministro de Estado de Cuba, após formarem guerrilheiros em campos de
treinamentos vitoriosos nesse país.
Em 17 de fevereiro de 1957, Ernesto Guevara de La Serna, já então conhecido
como Che Guevara, executou sumariamente o primeiro traidor do grupo de
guerrilheiros, o camponês Eutimio Guerra.
Com a ternura que lhe era habitual, o comandante
disse que acabou com aquela situação incômoda atirando na cabeça do camponês.
Em seguida, afirmou que, após apropriar-se dos demais pertences do camponês,
não conseguia tirar seu relógio, preso por uma corrente ao cinto. "Então
ele me disse, numa voz firme, destituída de medo: ‘Arranque-a fora, garoto, que
diferença faz...’. Ele arquejou um pouco e estava morto. Assim fiz e seus bens
agora me pertenciam". (Disponível em: Wikipédia. Acesso em 18.12.2014.)
Em 1959, Che Guevara recebe o título de cidadão
cubano. Ele não se dá por satisfeito, quer socializar toda a América Latina.
Forma nova guerrilha e tenta criar campos de treinamento no deserto do sudoeste
boliviano.
Preso em 8 de outubro de 1967, Che Guevara é
executado no dia seguinte por um soldado boliviano. Suas mãos são cortadas e
enviadas para Cuba...
Amigos e amigas, nestes dias que antecedem o
Natal, é preciso refletir nas palavras de Jesus Cristo: "violência gera
violência"; nenhum poder terreno está acima do Poder de Deus, e "a
cada um, segundo suas obras".
Em resposta aos discípulos, citados acima, que
criticaram a mulher por ungir a cabeça dele com óleo caro, respondeu-lhes
Jesus: — Por que afligis esta mulher? pois praticou uma boa ação para comigo.
Porquanto sempre tereis convosco pobres, mas a mim não me haveis de ter sempre
(Mateus, 26: 10- 11).
Devemos entender essas palavras em dois
sentidos: pobres materiais e pobres espirituais, ambos em situação apenas
temporária de pobreza, pois sendo o Espírito imortal, mais cedo ou mais tarde
estará de volta ao cenário da Terra, para continuar seu esforço evolutivo. Aquele
que hoje está na miséria pode ter sido o rico de outrora e vice-versa, pois
sendo soberanamente justo e bom, Deus não privilegia ninguém.
É por ainda não entender o significado disso que
tanto intelectual, no fundo ambicioso pelo poder, esse bichinho mais contagioso
do que a lepra estudada por "Che", usa mal sua pseudociência e,
fazendo-se substituto de Deus, tenta criar uma sociedade igual com Espíritos
desiguais evolutivamente, criados de todo o sempre para um fim comum: a
felicidade, que muitos negam por não entenderem que ela decorre do grau de
perfeição individual.
Há pobres felicíssimos: a Maria do pão, o Chico
Xavier, eu...; e ricos muito infelizes: os políticos corruptos, os presidentes
desonestos, etc. etc. etc.
O único poder que devemos nos esforçar em ter é
o de amar e de seguir os passos de Jesus, cujo último recado, antes de sair de
casa para ir ao encontro dos seus algozes, após lavar e enxugar os pés de todos
os seus discípulos, foi pedir-lhes que fizessem o mesmo entre eles (João, 13: 5 a 14).
Esse foi um gesto de extrema humildade do Senhor
da Terra, pois a verdadeira felicidade não está em matar, roubar, dominar o
nosso próximo, mas em ampará-lo em sua ignorância e servir-lhe de exemplo,
sobretudo de trabalho digno e retidão de caráter.
Reflitamos, então, na lição do Senhor, narrada
por João, 13: 34: "Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos
outros como eu vos amei".
Busquemos, assim, sentir a presença do Cristo em
nossas vidas e conquistar o poder que nos fará feliz pela eternidade: o de amar
e servir tal qual ele nos ama e serve até hoje.
Que esse seja o "Manifesto Espírita"
(18 abr. 1857), ainda tão pouco conhecido pela humanidade, mas que veio cumprir
a promessa de Jesus contida em João, 14: 15 a 18, concluído com as seguintes palavras:
"Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós".
Um feliz 2015 para todos!
P.S.: o que denominamos
"Manifesto Espírita" é o contido no chamado pentateuco kardequiano: O
livro dos espíritos; O livro dos médiuns; O evangelho segundo o espiritismo; O
céu e o inferno; e A gênese. Depois de lê-los sua vida nunca mais será burguesa
nem proletária e, sim, humana, profundamente humana.
Leia, quando puder,
o blog www.jojorgeleite.blogspot.com
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