O Evangelho segundo o Espiritismo, no capítulo 16, item 9, fala da verdadeira propriedade e diz textualmente: “O homem não possui como seu senão aquilo que pode levar deste mundo (...). O que é então que ele possui? Nada que se destina ao uso do corpo e tudo o que se refere ao uso da alma: a inteligência, o conhecimento, as qualidades morais (...). Dele depende estar mais rico ao partir do que ao chegar neste mundo (...)”.
Paulo de Tarso
alerta, na carta
aos Efésios,
capítulo 4,
versículo 32,
que se temos com
que nos
sustentar e
vestir é
importante
estarmos
contentes com
isso. Baseado na
advertência do
apóstolo,
Emmanuel lembra
que aquele que
detém o
monopólio do
trigo não
necessita senão
de algumas
fatias de pão
para saciar sua
fome, e que o
dono da fábrica
de tecido não
usará senão
alguns metros de
pano para
confeccionar uma
roupa. Ao
procurarmos
armazenar o que
quer que seja, é
importante
levarmos em
conta não os
padrões da gula
ou da vaidade,
mas, sim, os
princípios que
regem a vida em
seus fundamentos
naturais. Por
que precisamos
esperar o
banquete a fim
de oferecer
migalhas a quem
passa faminto?
Por que aguardar
riquezas em
moedas para ser
útil ao
necessitado? A
caridade não
depende de bolso
ou mesa cheios,
pois é fonte
nascida no
coração.
É sempre bom o
desejo de
possuir algo
para socorrer o
próximo ou a si
mesmo em épocas
de menor
fartura; mas,
subordinar a
prática do bem
ao cofre
recheado ou à
mesa farta,
mostra-nos o
quanto ainda
estamos
escravizados aos
bens materiais.
Muitos de nós,
aprendizes
eternos do
Evangelho, nos
queixamos da
ausência de
oportunidades do
mundo.
Lamentamos,
quase sempre,
por não haver
conseguido,
ainda, um
trabalho que nos
trouxesse
destaque; ou,
porque, ainda,
não situamos
nosso nome em
posição que
proporcione o
reconhecimento
de todos,
esquecendo-nos,
quase sempre,
dos pequeninos
serviços que
podem ser
traduzidos num
gesto de
carinho, numa
palavra de
consolo ou num
sorriso
fraterno.
Podemos calcular
o imenso favor
que fazemos
quando servimos
um copo de água
a alguém que
esteja sedento?
Quando nos
calamos ante o
mal que não pode
ser esclarecido
naquele momento?
Na nossa
tolerância
diante de
conversa
enfadonha? Para
muitas pessoas
isso não tem
valor. De
maneira geral,
nós próprios não
valorizamos
esses trabalhos,
pois não os
consideramos
como tal.
Preocupamo-nos
mais com as
grandes obras,
nossas e dos
outros,
esquecendo-nos
dos imensos
sacrifícios que
muitas pessoas
fazem para que
nosso dia não
seja tão
trabalhoso, se
fizéssemos tudo
sozinhos. E
mesmo dizendo
“obrigado”
pela boca, nosso
coração repete
que não fazem
mais que a
obrigação. Mas,
quando somos nós
a realizá-los,
sem
reconhecimento e
gratidão, nos
rebelamos,
mergulhamos em
queixas e
azedume, e
passamos a
desejar grandes
trabalhos para
nos destacarmos
e sermos
reconhecidos;
desejamos ter
posses para agir
como aqueles que
não nos
reconhecem como
trabalhadores,
ou seja, de
maneira egoísta,
sem qualquer
caridade para
com aquele que
realiza essas
tarefas.
Na verdade, só
desejamos mudar
de lado porque
nossos
sentimentos de
ingratidão a
Deus continuam
os mesmos.
Inconformados e
rebeldes diante
da situação de
pequenos
servidores,
esquecemo-nos da
lição evangélica
de que aquele
que for humilde
na Terra será
grande no céu,
lembrando que o
ser humilde
da lição não
significa ser
servil, mas
não ter
orgulho. Por
causa desse
esquecimento,
nos preocupamos
com as grandes
conquistas
materiais sem
olhar para o
grande número de
companheiros que
giram ao nosso
redor, dando-nos
as condições
dessas
conquistas.
Queiramos ou
não, estamos
todos enredados
na mesma teia,
interdependentes
uns dos outros,
para que juntos
aprendamos, uns
com os outros, a
tolerância, a
indulgência, a
caridade. Se
assim não fosse,
por que nos
teria Deus
colocado para
vivermos juntos
a experiência
terrena?
Respondendo a
essa questão,
nos descobrimos
ligados, todos,
pelos mesmos
sentimentos,
bons ou maus.
Entendamos isso:
se temos um
carro – bem
material
simples, comum
nos nossos dias
– e ele quebra,
a menos que
conheçamos o
funcionamento de
todas as suas
peças,
precisaremos,
sem dúvida, de
um mecânico,
falando apenas
do motor. Mas,
temos, ainda, o
pintor, o
funileiro, o
borracheiro, os
engenheiros que
traçaram as
ruas, os
operários que as
construíram, os
guardas de
trânsito etc.
Dentro de casa,
ou nos trabalhos
profissionais,
as coisas
parecem mais
interdependentes
ainda.
Perguntamos,
então: se
dependemos das
outras pessoas,
por que não
sermos bondosos
uns com os
outros, como nos
conclama Paulo?
Onde está a
dificuldade?
Olhemos para
dentro de nós,
busquemos essa
resposta e, ao
encontrá-la, nos
surpreenderemos
descobrindo que
não temos, na
verdade, nenhuma
razão real para
não sermos
gentis.
“Dividamos o
pouco ou o muito
que temos, e a
insignificância
dessa boa
vontade,
amparada pelo
amor, se
converterá em
prosperidade
comum”.¹
Emmanuel convida
para que
“meditemos um
instante na
Tolerância
Divina a nos
sustentar para
não cairmos nos
precipícios da
violência”.¹
Reflitamos um
pouco na
desculpa
incessante do
Pai Criador ante
a perversidade e
a crueldade dos
homens, junto a
Cristo. Bastaria
isso para que
entendêssemos a
necessidade da
bondade de uns
para com os
outros. Diz o
amoroso
Instrutor:
“Quantas vezes
fomos cegos e
perversos para
com o Cristo que
nos tem
dispensado
favores
constantemente?”¹.
Cegos com Jesus,
por não
enxergarmos a
imensa luz que
Ele faz brilhar
através dos Seus
ensinamentos.
Perversos,
porque mesmo já
tendo algum
conhecimento
deles, ainda
insistimos em
permanecer nas
sombras, fazendo
sofrer os que
nos cercam e
trazendo
sofrimento a nós
próprios,
contrariando o
objetivo de
nossa criação
que é o de
sermos felizes.
Somos perversos
com Jesus,
porque ao descer
da
Espiritualidade
Maior para
dissipar a
sombra que nos
cobre até hoje,
foi-Lhe negada
guarida em
nossos corações;
apesar disso,
Ele não nos
priva de sua
presença
amorosa. Seu
ensino redentor
é a
exemplificação
do amor
incondicional
que sente por
nós, mostrando
que, somente
através da
bondade e da
renúncia,
conquistaremos a
felicidade:
bondade para com
todos, renúncia
a tudo o que é
sem importância
para nossa
evolução
espiritual.
Em nome do
Mestre, exemplo
vivo da paz, a
humanidade
terrena fez
guerras de ódios
entre irmãos,
acendeu
fogueiras de
extermínios e
perseguiu e, nem
por isso, Deus
nos tirou a
oportunidade de
prosseguir,
caminhando no
tempo e no
espaço, em
processo de
crescimento.
Como podemos
nós, seres
pequenos e
imperfeitos, não
dar ao outro a
mesma
oportunidade?
Deixar de
cumprir nossas
pequenas
tarefas, porque
o outro não nos
dá valor,
leva-nos a
refletir sobre o
seguinte: já
imaginou se
Jesus não
completasse sua
missão porque os
homens foram
surdos, cegos e
ingratos aos
seus
ensinamentos? E
se Deus houvesse
desistido de ter
tolerância e
misericórdia
conosco por
causa dos nossos
constantes
enganos? Se, com
toda Benignidade
Divina, ainda
nos encontramos
em atrasado
estágio
evolutivo, o que
seria de nós, se
não tivéssemos o
Amor
Incondicional do
Celeste
Emissário a nos
dirigir com
segurança aos
braços do Pai,
através das leis
de Amor?
Quando paramos
para refletir
sobre essa
questão, não nos
parece justo
colecionarmos
mágoas e
desapontamentos,
ressentimentos e
vingança,
melindres e
rancores. Como
pedir perdão a
Deus pelos
nossos erros, e
esperarmos ser
atendidos, se a
voz do Pai não
chega a nós
porque temos
nosso coração
mergulhado num
vaso de fel!
Nosso canal de
ligação com Ele
precisa estar
limpo e seguro
contra esses
sentimentos tão
danosos a nós
próprios. É
necessário,
conforme adverte
Paulo, usarmos
de benignidade
uns para com os
outros, porque
somente assim,
como diz
Emmanuel,
“viveremos no
clima de Jesus,
que nos trouxe à
vida a ilimitada
compaixão e o
auxílio
incessante da
Providência
Celestial.”¹
Tudo, na
Natureza,
prossegue sem
esforço,
espontaneamente.
Assim também
deve caminhar o
Homem na
construção da
própria
existência. Não
é preciso saber
tudo, mas é
indispensável
saber amar,
louvando o bem e
esquecendo o
mal. “A
chuva,
derramando-se em
gotas, fertiliza
o solo e
sustenta bilhões
de vidas.
Algumas sementes
plantadas e
cuidadas com
carinho, no
correr dos anos,
podem dominar
imensas terras.
Estejamos
alegres e
auxiliemos a
todos que nos
compartilham a
marcha, pois, se
possuímos a
bênção de contar
com o pão e com
o agasalho todos
os dias,
cabe-nos a
obrigação de
viver e servir
em paz e
contentamento”.²
Fonte: Leda Maria Flaborea - públicado em o Consolador uma Revista de Divulgação Semanal da Doutrina Espírita
Bibliografia:
1 – EMMANUEL
(Espírito) –
Palavras de Vida
Eterna
[psicografado
por] F. C.
Xavier, 20. ed.,
Uberaba, MG.:
CEC, 1995, lição
14.
2 - Fonte
Viva
[psicografado
por] F. C.
Xavier, 16. ed.,
Brasília, DF.:
FEB, lição 9.
3 – KARDEC,
Allan – O
Evangelho
segundo o
Espiritismo,
Cap. 16, item 9.
Nenhum comentário:
Postar um comentário