terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

" A TERAPEUTICA ESPÍRITA TRAZ O CONSOLO PARA TODOS"

A palestrante e fundadora da Sociedade Espírita de Baltimore
fala sobre o movimento espírita no país em que ocorreram
os fenômenos de Hydesville

Vanessa Cristina Zilli Anseloni (foto) nasceu na cidade de São Paulo e atualmente reside nos Estados Unidos, na cidade de Chantilly, Estado de Virgínia, arredores de Washington, DC. Nasceu em lar espírita, sendo a quinta geração do seu tataravô Attilio Pioltini, imigrante italiano que, juntamente com outros familiares, formou uma das primeiras 

células espíritas no interior paulista, cerca de 94 anos atrás, fundando o Centro Espírita Luz e Caridade em Itobi-SP.

Vanessa conviveu desde criança em ambiente espírita, havendo frequentado a Escola de Evangelização e recebido exemplos fundamentais dos seus avós, tios e pais em sua formação espírita. Aos quatorze anos tornou-se monitora em Escolas de Evangelização e aos dezessete anos passou a coordenar os trabalhos de evangelização infanto-juvenil do Instituto Paulo de Tarso, em Ribeirão Preto. É formada em Psicologia pela Universidade de São Paulo, onde também fez o doutorado em Neurociências. Transferiu-se para os Estados Unidos em 1998 para fazer o pós-doutorado na Universidade de Maryland. Desde aquela data, trabalha como neurocientista na Universidade de Maryland, onde também ministra aulas e é diretora do Programa de Ciências Comportamentais. 

Nas atividades espíritas exercidas nos Estados Unidos, é presidente-fundadora da Sociedade Espírita de Baltimore (SSB), que mantém o site www.ssbaltimore.org, e da Sociedade Espírita da Virgínia; fundadora e coordenadora da Kardec Radio e editora-chefe da Spiritist Magazine, a revista espírita trimestral do Conselho Espírita Internacional. Faz traduções para o inglês das obras de Divaldo Franco e Chico Xavier e tem um livro em parceria com Divaldo Franco, intitulado Nova Geração
 
Vanessa Anseloni concedeu-nos a entrevista seguinte: 

Como iniciou suas atividades doutrinárias nos Estados Unidos?
Em 1998, iniciei um grupo de orações e estudos espíritas em meu lar, enquanto ainda solteira. Recebi a ajuda indispensável de Jorge Godinho Nery e sua esposa Antonia Helena. O grupo se iniciou em outubro de 1998 e passou a se reunir em sala de estudos da Universidade de Maryland em março de 1999.  

Como são recebidas as propostas espíritas nos Estados Unidos?
O Espiritismo ainda não é conhecido em grande escala nos EUA, muito porque a maioria dos grupos espíritas existentes ainda faz os trabalhos em língua portuguesa ou espanhola, o que naturalmente cria uma barreira para que os que não falam estas línguas possam adentrar os espaços espíritas. No entanto, desde que a Sociedade Espírita de Baltimore (SSB) iniciou seus esforços em palestras na língua inglesa, no final de 2001, o cenário vem se modificando, pois atualmente há diversos outros grupos e centros que abraçaram os estudos e a prática espírita na língua inglesa. 
 
O perfil do americano que chega à casa espírita é bem diferente. Geralmente não são ex-católicos, como no Brasil. Costumeiramente, são pessoas que foram protestantes e já experienciaram outras linhas de trabalho espiritual-esotérico e agora encontraram o Espiritismo. São inúmeros os americanos que chegam às casas espíritas depois de terem ouvido falar sobre o Espiritismo graças aos trabalhos de cura realizados por João de Deus em Abadiânia, Goiás. 

Fale-nos sobre a Sociedade Espírita de Baltimore.
Iniciamo-la em meados de outubro de 1998 no meu apartamento da Charles Street em Baltimore, com a intenção inicial de servir como grupo de estudos e Evangelho no Lar, com a ajuda do casal Jorge Godinho Nery (assessor da presidência da FEB) e Antonia Helena Nery. Estudávamos o ESDE da FEB. Em poucos meses, mudamos para uma sala reservada da Universidade de Maryland. Em meados de 2001, uma americana amiga, a psicoterapeuta Daryl Joyce, sugeriu-nos realizar reuniões públicas em inglês. Apresentou-nos a Zohar Meyerhoof, diretora, radialista, benfeitora da cidade de Baltimore, a qual nos abrira as portas para realizar os primeiros workshops em sua clínica de medicina holística. Ali ficamos por anos, até que em 2006 uma senhora americana, Judith Campbell, juntamente com seu marido, Kevin Campbell, tendo vindo ao tratamento espiritual e ficando maravilhados com o trabalho espírita, quiseram ajudar nossa instituição. Montaram um centro para que a SSB pudesse utilizar, com todas as despesas pagas. Ficamos lá por dois anos. Em 2008, no entanto, a SSB resolveu investir em espaço independente, onde nos encontramos até o presente momento. 
 
Neste entremeio, a SSB tem trabalhado com traduções dos livros e CDs de Divaldo Franco, Raul Teixeira e Francisco Cândido Xavier. Sob a coordenação de Daniel Santos, temos aberto espaço para a transmissão on-line dos trabalhos espíritas desde 2005, através do site da TVCEI. Também em 2008, lançamos o primeiro programa de estudos espíritas em inglês intitulado Roadmap Program for the Spiritist Study and Practice, com aulas e vivências para quem queira aprender sobre o Espiritismo. Este material foi adotado neste ano pelo CEI e já se encontra implantado em dezenas de grupos dos EUA e em processo de implantação em outros países, a partir de traduções. O sucesso do Roadmap levou-nos a lançá-lo em forma de e-learning via website www.e-spiritism.org com a ajuda de Daniel Santos e Mackenzie Melo. Atualmente, há mais de 800 inscritos, sendo que a primeira pessoa a terminar o primeiro curso foi uma alemã residente na Inglaterra. 

Em 2007, recebendo inspiração do Alto, lançamos o primeiro congresso espírita americano somente na língua inglesa. Fora o Primeiro Simpósio Espírita dos EUA em Baltimore. Coordenamos os três primeiros, em 2007 em Baltimore, em 2008 em Nova Iorque e em 2009 em Boston. Em 2010, ele passou a ser coordenado pelo Conselho Espírita Americano. A Sociedade Espírita de Baltimore também tem incentivado e ajudado na formação de outros grupos locais, como, por exemplo, o Spiritist Society of Virginia, formada desde 2007 e o grupo de estudos espíritas de Delaware e Pensilvânia, onde realizamos um evento especial com Haroldo Dutra Dias no dia 4 de novembro do ano passado. 

Como são realizados os estudos na Sociedade. Existem palestras públicas?
Buscamos seguir o modelo dado na Codificação. Deste modo, o foco é o consolo e o esclarecimento da alma reencarnada. Assim, todos os tópicos primam por combinar os três aspectos doutrinários: filosofia, ciência e religião. Abrimos com uma leitura de livro inspirador como Happy Life por Joanna de Angelis, seguida de uma prece inicial. Fazemos a explanação em 45 a 60 minutos, seguida de passes e água fluidificada. Todas as nossas reuniões ocorrem somente na língua inglesa. 

Os estadunidenses participam ativamente desses encontros?
Há aqueles que participam ativamente, no entanto, ainda são poucos, se comparados com o número de brasileiros que, em já compreendendo a mensagem e tendo tido modelos vivos como Chico Xavier e Divaldo Franco, abraçam o trabalho com maior facilidade. 

Quais são as respostas deles no contato com a Doutrina Espírita?
Quando conhecem o conteúdo, ficam maravilhados, pois que não difere do que pensavam e viram em outras filosofias. No entanto, buscam compreender a dinâmica da prática espírita que para eles ainda é novidade, como, por exemplo, o não cobrar das atividades mediúnicas ou de passes. A questão do comprometimento sacrificial e a necessidade da disciplina espírita ainda são elementos estranhos, bem como a questão do trabalho desobsessivo. Para eles, custa um tanto a entender o trabalho mediúnico em equipe, uma vez que estão tão acostumados a exercitar a mediunidade individualmente, como no modelo americano da televisão. Em várias ocasiões buscamos fazer pontes de trabalho e colaboração para trazer o Espiritismo onde ele ainda não é conhecido, como, por exemplo, temos feito desde 2005 na cidade espiritualista de Lily Dale, NY. Através dos programas da Kardec Radio, que já tem ouvintes em mais de 60 países, temos buscado fazer estas pontes para que o Espiritismo chegue aonde ainda levaria muito mais tempo por mecanismos convencionais. 
   
Há outras instituições espíritas vinculadas ao seu trabalho? Quais?
Buscamos sempre trabalhar em colaboração com as demais organizações espíritas, apoiando-nos mutuamente. Nossas organizações estão filiadas ao Conselho Espírita Americano. 

Como é formado o grupo de trabalhadores espíritas que a sustenta nestas atividades?
Ele é mesclado de brasileiros e outros latino-americanos, bem como americanos e de outras nacionalidades. Neste aspecto, diferentemente do Brasil, em que a maioria dos grupos são brasileiros, aqui temos a necessidade de adquirir a tão mencionada competência cultural para que possamos acolher com versatilidade entre tantas diferenças culturais. Como todas as nossas reuniões ocorrem na língua inglesa, temos maior facilidade de abrir espaço comum entre as diversas nacionalidades, não priorizando nenhuma, a não ser a que nos acolhe, conforme os preceitos espíritas de André Luiz em o livro Entre Irmãos de Outras Terras, capítulo 1. 

A literatura espírita está presente nas instituições que dirige?
O livro espírita é o carro chefe de nossas atividades, sendo que temos livrarias dentro dos centros para proporcionar e disponibilizar a literatura espírita para os atendentes do centro. Somente colocamos a literatura espírita em língua inglesa, a fim de evitar problemas culturais e incentivar a disseminação do livro espírita em inglês. Isto também ajuda os próprios imigrantes, pois que há pesquisas científicas que mostram que os imigrantes nos EUA que falam a língua inglesa têm melhor autoestima, tão fundamental para a saúde mental. Assim, proporcionar recursos na língua inglesa ajuda tanto o imigrante quanto o anfitrião. 
Em sua opinião, a Doutrina Espírita poderá criar raízes nos Estados Unidos?
Diríamos que as raízes já existem. Não existe acaso quando Kardec mantinha correspondência com norte-americanos. Num segundo momento, vemos Chico Xavier visitando os EUA em 1965, gerando a produção mediúnica publicada no livro Entre Irmãos de Outras Terras. Atualmente, o movimento espírita nos EUA tem crescido muito e se expandido significativamente desde os esforços iniciados pela Spiritist Society of Baltimore em 2001 e os esforços recentes do Conselho Espírita dos EUA. 

Aqui do Brasil vocês recebem ajuda para o seu trabalho?
Sim, de amigos que oram para que os esforços se cumpram, bem como de familiares espíritas. A Federação Espírita Brasileira e o Conselho Espírita Internacional têm apoiado os esforços espíritas no território americano. 

A terapêutica espírita por meio dos passes e da água fluidificada, bem como o atendimento fraterno, é bem aceita pelos estadunidenses e imigrantes que aí residem?
Com certeza! É o que eles mais procuram. O sofrimento está em todas as partes, independente da nacionalidade. Ele é universal. E por isto a terapêutica espírita traz o consolo para todos. 

Fale-nos das suas perspectivas quanto ao futuro do Espiritismo nos Estados Unidos e no mundo como um todo.
Como o Espiritismo é o Consolador Prometido, Jesus, nosso Governador, Modelo e Guia, com certeza, tem um lindo plano para a disseminação desta mensagem inesquecível. Vemos o crescimento de novos grupos e novas iniciativas em todas as partes dentro dos EUA, do Canadá, da Inglaterra e em outras localidades. Recentemente, estivemos na Colômbia no Congresso Espírita com Divaldo Franco. Que maravilha! Fraternidade e solidariedade. 

Suas palavras finais.
Amigos e irmãos brasileiros, quanta honra em conhecermos o Espiritismo! Tanto conhecimento para transformarmos nossas vidas. Oremos, irmãos, por todos aqueles que estão neste planeta querido. E em especial, pedimos suas orações para o povo americano e suas lideranças, para que nosso planeta venha a cumprir a Vontade de Deus na Terra, pois, de acordo com as palavras de Emmanuel no livro A Caminho da Luz, a equipe de Jesus espera dos EUA que seja o cérebro da Nova Civilização. E como neurocientista, amando o cérebro como ninho da mente, nas palavras de André Luiz, que possamos ajudar o cérebro do planeta com o oxigênio da Doutrina Espírita!

Fonte: Retirado de o Consolador uma Revista de Divulgação Semanal da Doutrina Espírita.


 



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