segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

" SEMPRE PODEMOS FAZER UM POUCO MAIS"


O confrade paulista fala sobre sua iniciação no Espiritismo
e sua experiência acumulada em muitos anos de
serviço à causa espírita
 
Funcionário da Casa Editora O Clarim há mais de 30 anos, Valentim Aparecido Fernandes (foto), natural de Boa Esperança do Sul e residente em Matão, ambos os municípios localizados no Estado de São Paulo, é vinculado atualmente aos Centros Espíritas O Clarim e Allan Kardec, da mesma cidade,  nos  quais  atua  como  programador  das
palestras, colaborador de atividades e, no segundo deles, como responsável pelo Departamento de Orientação Doutrinária e presidente do Conselho Deliberativo.

Espírita atuante desde o ano de 1989, Valentim também profere palestras e reúne respeitável experiência na área de unificação do movimento espírita, como revela na seguinte entrevista que gentilmente nos concedeu.
 
Como e quando se deu seu envolvimento com a doutrina espírita? 
Conheci a doutrina espírita em Araraquara em 1980, quando ainda namorava minha esposa Fátima. Tendo ela mediunidade, começaram a aparecer os primeiros sinais e, por orientação de amigos, fomos até a Sociedade Espírita Obreiros do Bem para que ela recebesse o tratamento espiritual. Não demos sequência. Talvez não estivéssemos preparados para absorver os ensinamentos da Doutrina Espírita. Em outubro de 1981 entrei na Casa Editora O Clarim para trabalhar como paginador e a leitura obrigatória dos textos começou a me encantar, sobretudo os de Cairbar Schutel. Passei a frequentar as reuniões do Centro Espírita Amantes da Pobreza (hoje Centro Espírita O Clarim), sem assumir maiores compromissos, mas em 1989 o chamado apareceu novamente, com a mediunidade da minha esposa convidando-nos ao trabalho. Em apoio a ela, e pela necessidade de minha esposa trabalhar na área da mediunidade, me envolvi de vez com a Doutrina Espírita. Costumo dizer que devo à mediunidade dela o fato de ter conhecido o Espiritismo com mais profundidade. 

Que bagagem você considera mais importante após trabalhar tantos anos na editora fundada por Cairbar Schutel? 
A possibilidade de conhecer de perto o trabalho do “Bandeirante do Espiritismo”, o contato com suas obras, as dificuldades da sua época e o empreendedorismo desse Espírito de vanguarda. Isso é que nos motiva ao trabalho de divulgação da doutrina espírita, dentro das nossas possibilidades e limitações. 

Qual foi a experiência mais marcante nesses anos todos vividos na Casa Editora O Clarim? 
Foi acompanhar de perto os esforços feitos pelos diretores da instituição para manter a Casa Editora O Clarim fiel aos conceitos de seu fundador, Cairbar Schutel. Hoje, são lançados quase que diariamente, pelo conjunto das editoras, livros que nem sempre têm compromissos com a fidelidade doutrinária, com a defesa dos conceitos estabelecidos na codificação, mas apenas com objetivos comerciais. Manter-se “vivo” em um panorama como este, tendo que acompanhar as evoluções tecnológicas necessárias e competir com as “novidades que fascinam” não é fácil. É preciso muita perseverança e muito trabalho. Sem necessidade de citar nomes, esses esforços sempre me incentivaram a estar atento ao que acontece no movimento espírita. 

Na vivência com o movimento espírita local, regional e estadual o que você considera de grande utilidade? 
Considero a oportunidade para adquirir aprendizado, trocar experiências e fazer amizades o ponto forte desta convivência. Como o movimento espírita é feito por idealistas que dedicam parte do seu tempo disponível às atividades doutrinárias, não contando com profissionais para isso, o estarmos juntos, o ir além das paredes do Centro Espírita, é por demais gratificante. 
Nas reuniões dos órgãos de unificação, qual a lição mais proveitosa que pode ser utilizada em favor do movimento espírita? 
Os órgãos de unificação, embora não tenham por parte dos dirigentes espíritas a consideração devida, executam um trabalho de suma importância. Há 21 anos participando dessas reuniões, pude ver de perto o esforço de abnegados companheiros que sonham com um movimento espírita mais unido. A lição que posso extrair disso é que sempre podemos fazer um pouco mais, ainda que com dificuldades, ou mesmo distantes do que desejamos. Lembro sempre de uma frase do nosso querido José Antonio Castilho,  idealizador das Feiras do Livro Espírita no Brasil, nas reuniões da USE: “O pouco já é melhor que o nada”. 

Nestes anos todos de sua participação no movimento espírita em Matão, qual o fato que você considera mais marcante? 
Muitos foram os fatos que nos marcaram, mas destaco as homenagens que foram prestadas a Cairbar Schutel quando do centenário do município de Matão, nos dias 29 e 30 de agosto de 1998, com a presença de lideranças espíritas de todo o Estado de São Paulo, num evento organizado pela União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo.  Esse respeito que o movimento espírita tem por Cairbar Schutel é muito interessante, pois em todos os lugares aonde vamos e citamos Matão, imediatamente vem à lembrança o Bandeirante do Espiritismo. Toda iniciativa que resgata esses vultos do Espiritismo é louvável e merece o nosso respeito. 

Fale-nos de sua experiência nos agendamentos com palestrantes no Centro Espírita O Clarim e Centro Espírita Allan Kardec. 
Esse é um trabalho muito prazeroso porque proporciona duas possibilidades: conhecer palestrantes de outras cidades, de outros Estados, e ao mesmo tempo adquirir conhecimentos. Hoje temos condições de oferecer oportunidades aos trabalhadores da casa, no sentido de desenvolvermos as palestras, bem como atuarmos com oradores conhecidos e com uma vivência maior na doutrina espírita, que se predispõem a colaborarem com as Casas Espíritas. Ao fazer isso, a intenção não é a de ter a casa cheia, o que muitas vezes acontece em função do nome do palestrante, mas de mostrar a grandeza da Doutrina Espírita e, ao mesmo tempo, motivar os iniciantes a melhor se prepararem para a nobre tarefa da divulgação. 

Que visão você tem da atualidade do movimento espírita em nosso país? Qual seria, a seu ver, nossa maior necessidade? 
Vejo o movimento espírita crescendo em quantidade e na qualidade dos eventos. São muitos os congressos, seminários, simpósios e encontros em que a doutrina espírita é discutida de forma ampla. Isso é muito bom; no entanto acho que essas discussões precisam ser compartilhadas com aqueles que não têm a possibilidade de participar desses eventos, por vários motivos. Aqueles que comparecem precisam reproduzir esses trabalhos nas suas casas de origem para que a “candeia não fique embaixo do alqueire”. Em minha opinião essa é uma necessidade, ou seja, colocar a luz ao alcance de todos. 

Como palestrante, como você tem sentido o público e as instituições que tem visitado? Que impressões você guarda desses contatos? 
Sinto um público cada vez mais atento às palestras e com um retorno muito positivo em relação aos temas abordados. As instituições têm-se esforçado no sentido de oferecer as melhores condições aos palestrantes para que a mensagem atinja os seus objetivos, com  recursos audiovisuais, som de qualidade etc. Em minha opinião, as pessoas não frequentam  mais as palestras somente pelos passes e sim para buscar informações que as ajudem a enfrentar as dificuldades do dia-a-dia com mais tranquilidade. 

Algo mais que gostaria de acrescentar? 
O movimento espírita, como dissemos, é feito por idealistas. Não vamos deixar este ideal arrefecer diante das dificuldades e das possíveis diferenças existentes entre os trabalhadores, unindo-nos nos pontos em comum e nos respeitando nas diferenças.



  Fonte: Retirado de o Consolador uma Revista Semanal de Divulgação Espírita

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