OUVINDO O OUTRO LADO - SEGREDOS QUE EU OUSO CONTAR

Em 1.997, conversei com uma professora estava em pânico com sua profissão, terminara de  entrar para o quadro da Secretaria  Municipal da Educação  de Rosário e foi  designada para ensinar em um bairro  periférico.

A iniciante recebeu uma turma  desatenta mal educada e não conseguia aplicar os conhecimentos que havia adquirido, portanto,   estava  revoltada com os  autores dos  livros onde sempre pesquisava e, determinada a pedir demissão do cargo.

Passado uns dias proferi leitura em um texto intitulado “ Nos  Limites das Minhas  Forças”. Providenciei uma cópia e a presenteei. No fim do ano, voltamos a conversar, a professora estava corrigindo as provas dos alunos. Disse-me ter sido  transferida do colégio e, sentindo saudades, que contornara problemas  de ensino/aprendizagem  com  auxílio dos  pais dos alunos.

Em 2003, após ouvir  ex-alunos e estudantes do ensino  médio, tomei a decisão de conversar com uma amiga que lecionava há mais de vinte anos, com experiência  em vários níveis do ensino público. Falei dos meus escritos e da decepção com certos comentários que costumava ouvir, tanto no aspecto ensinar e aprender, como  a indisciplina e a violência na escola.

A amiga falou-me de sua trajetória como professora, não é vocacionada,  exerce o cargo por conveniência,  e tem convicção da ineficiência da escola pública, no   tocante ao ensino e a aprendizagem, Lecionava com o conhecimento  adquirido no curso normal  e via  na juventude  só irresponsabilidade. Depois que entrou   na faculdade percebeu a necessidade de aprender e enfrenta dificuldades, em razão do tempo para transmitir os conteúdos, somados a um percentual significativo de professores  que não correspondem aos cargos que ocupam.

“ A minha conclusão é que o problema da gente é a falta de emprego, todos têm a sua parcela de culpa. Somos obrigadas a fazer o que não gostamos por causa de dinheiro”.