A
família é o único ente social presente constantemente em todas as
civilizações. As ciências humanas já mostraram que este ente está
fadado a transformar o ser humano em todas suas dimensões, a par da
evidência de que, nesta missão, seu papel é insubstituível.
Não se estranha porque a filosofia, desde seus
primórdios, tenha dedicado várias linhas à importância social da vida
doméstica. Cícero (in De Officiis, 1, 17, 54), por exemplo, chamava-a de principium urbis et quasi seminarium rei publicae,
princípio contido também, em versão moderna, na Declaração Universal
dos Direitos do Homem (art.16, 3 – A família é o elemento natural e
fundamental da sociedade e tem direito à proteção desta e do Estado).
Por ser a base da sociedade, daí decorre o fato de que o bom funcionamento da sociedade deriva, em grande parte, de uma praxis
familiar adequada: a família é a cátedra do humanismo mais rico e a
primeira escola das virtudes sociais, os quais são a alma vital do
desenvolvimento da mesma sociedade.
No lar familiar, pode-se aprender (ou não) os
princípios da solidariedade, do serviço mútuo e desinteressado, a
lealdade, a honra, além de se poder conhecer, desde cedo, o frágil
equilíbrio das relações humanas, sobretudo quando envolvidas em
responsabilidades comunitárias.
Os reflexos da família na vida social são tão
grandes que a política, a economia, as leis e a cultura devem sempre
zelar por um constante e amplo trabalho institucional destinado a
assegurar à família seu papel de lugar primário de humanização da
sociedade e de protagonista ativa do crescimento social. Deste modo, a
família poderá exigir, sobretudo das autoridades públicas, o respeito
aos direitos que, salvando a família, salvam a mesma sociedade.
Estudiosos do nascimento e declínio das
civilizações, como Sorokin e Dawson, mostram justamente que a vida de
uma cultura está em íntima conexão com a evolução dos valores
familiares. Aristóteles já descrevia a família como um comunidade
instituída pela natureza para o cuidado das necessidades que se
apresentam na vida cotidiana (inPolítica, 1, 2, 1252 b 13-17).
E não só aquelas mais imediatas, como o sustento
material, mas outras tão importantes quanto: a educação, o trabalho, a
cultura, o amor ao bom, ao belo e ao verdadeiro, o respeito ao outro.
Consequentemente, a instituição familiar deve ser tratada como
fundamental e essencial na realização de uma autêntica comunidade
social.
Com efeito, a íntima sinergia entre as duas
sociedades naturais, a família e a coletividade social, resulta
evidente. É um círculo virtuoso (ou não) entre a prosperidade da
família e a prosperidade da sociedade. Para que a família cumpra seus
propósitos, é necessário um efetivo apoio da sociedade e, para que a
sociedade funcione como esperado, requer-se o desenvolvimento de uma
vida familiar correta.
Enfatizar a responsabilidade do Estado para com a
família não importa concluir que esta deva permanecer deitada em berço
esplêndido, a ponto de abandonar seus deveres políticos. Pelo
contrário, o fato de que a sociedade tenha a obrigação de fomentar uma
sã vida familiar demanda um maior e constante empenho da família para
exigir seus direitos, a fim de se fazer ativamente presente em todos as
esferas da vida social. Com respeito à divergência, é o que penso.
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André Gonçalves Fernandes,
nascido em 1974, é Juiz de Direito da 2ª Vara Cível e de Família da
Comarca de Sumaré/SP. Graduado, no ensino fundamental e médio, pelo
Colégio Visconde de Porto Seguro em 1991. Bacharel e Mestre em Direito
pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em 1996 e 1999. Atua
como magistrado desde 1997. Articulista do Correio Popular de Campinas e
da Escola Paulista da Magistratura desde 2002. É membro da Comissão de
Bioética da Arquidiocese de Campinas/SP desde 2008 e professor do
Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS) desde 2011. Mestrando
em Filosofia e História da Educação pela Universidade de Campinas desde
2012. Fala inglês, francês, italiano e alemão. Casado e pai de 4
filhos. É torcedor do São Paulo Futebol Clube.
E-mail: agfernandes@tjsp.jus.br
Publicado no Portal da Família em 09/07/2012
Reinaldo
Cantanhêde Lima, funcionário público estadual, Sindicalista,
Autodidata, Educador Alternativo e Mobilizador Social – Blog www.reinaldocantanhede.blogspot.com
Email: reinaldo.lima01@oi.com.br – Telefone: (098) 3345 1298 /3345 2120 9161 9826
Apoio – SINTSEP/MA –
Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado do Maranhão
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segunda-feira, 23 de julho de 2012
FAMÍLIA E VIDA SOCIAL
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